Práticas de educação física no cárcere : tecnologias digitais como recurso pedagógico

Abstract

Resumo: Esta pesquisa aborda as práticas de Educação Física no cárcere e as tecnologias digitais como recurso pedagógico. Entende-se que na formação docente inicial os acadêmicos deveriam vivenciar práticas nos mais diversos cenários de atuação com jovens e adultos. Neste sentido, há necessidade de investir na formação continuada e permanente dos professores que atuam no cenário prisional, pois, para atuar neste espaço é preciso formação específica. Considerando relevante o uso das tecnologias digitais, no sentido de inovar a prática pedagógica com metodologias de ensino no trabalho docente, o problema de pesquisa foi delineado, de modo a contemplar o desenvolvimento das dimensões de educação, saúde, lazer e esporte para os adultos em situação de privação de liberdade. A pesquisa partiu do questionamento: como os professores de Educação Física do sistema educacional do cárcere utilizam as tecnologias digitais como recurso pedagógico? O objetivo foi o de verificar a utilização das tecnologias digitais, enquanto recursos pedagógicos, nas práticas de Educação Física no sistema prisional. Para tanto, foi necessário identificar o contexto histórico e aspectos legais da EJA no cárcere na disciplina de Educação Física, traçar o perfil dos professores que atuam na referida área, visando analisar as práticas dos mesmos no atendimento aos Conteúdos Estruturantes e aos Elementos Articuladores propostos nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná. A investigação buscou identificar desafios e limites no desenvolvimento das práticas de Educação Física com uso das Tecnologias Digitais como Recurso Pedagógico no Sistema Prisional. A pesquisa é de abordagem qualitativa, do tipo pesquisa-ação diagnóstica, de natureza exploratória descritiva. A pesquisa teve aprovação junto ao Comitê de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da Universidade (CEP/UFPR). Os dados levantados foram obtidos pela aplicação de questionário aos professores de Educação Física que atuam em cinco penitenciárias estaduais, de dois CEEBJAs. Com vista a atender a discussão proposta neste estudo as respostas dos professores foram analisadas a luz de Lefreve e Lefreve (2012), os discursos foram organizados em Ideia-Chave (ICH) e Ideia-Central (IC). Como resultado evidenciou-se que os professores de Educação Física do Sistema Carcerário têm preocupação com a reintegração social dos educandos, segundo eles uma questão de humanização, mas apontam a questão de segurança, o que limita ao uso dos recursos de modo off-line. Consideram limites e desafios para o desenvolvimento das práticas com uso das tecnologias como recursos pedagógicos, mas ao mesmo tempo se sentem motivados, pois, afirmam que essas práticas com outros recursos despertariam maior engajamento dos educandos nas práticas de Educação Física em diferentes espaços do cárcere. Palavras-Chave: Recursos Pedagógicos Digitais no Sistema Prisional. Desafios, Limites e Motivações nas Práticas de Educação Física no Cárcere. Tecnologia e Reintegração Social.

Abstract: This study examines Physical Education practices in prison and digital technologies as a teaching resource. It is understood that during initial teacher training students should experience teaching practices in the most diverse working scenarios with youth and adults. In this sense, the need exists to invest in the continuing and permanent education of teachers who work in the prison scenario, since in order be able to work in this space specific training is needed. Considering the use of digital technologies to be relevant, in the sense of renewing teaching methodologies and practice, our research problem was designed so as to take into account the development of the dimensions of education, health, leisure and sport for adults deprived of liberty. Our study was based on the question: how do Physical Education teachers working in prisons use digital technologies as a teaching resource? The objective of the study was to verify the use of digital technologies as teaching resources in Physical Education practices in the prison system. To this end, it was necessary to identify the historical context and legal aspects of Youth and Adult Education (YAE) in prison in the discipline of Physical Education, outline the profile of teachers who work in this area, with the aim of analyzing their practices in meeting the Structuring Contents and the Articulating Elements proposed in the Paraná State Curricular Guidelines. Our investigation sought to identify challenges and limitations for the development of Physical Education practices using Digital Technologies as a Teaching Resource in the Prison System. This study used a qualitative diagnostic action approach of a descriptive exploratory nature. This study was approved by the Health Sciences Sector Research Ethics Committee of the Federal University of Paraná (CEP/UFPR). The data collected were obtained by administering a questionnaire with Physical Education teachers from two Youth and Adult Elementary Education Centres (CEEBJA) who work in five state prisons. With the aim of achieving the discussion proposed by this study, the teachers' answers were analysed according to the method proposed by Lefevre & Lefevre (2012) and their discourses were organized into Key Expressions (KE) and Central Ideas (CI). As a result we found that Prison System Physical Education teachers are concerned about the social reintegration of their students, which they see as a question of humanization, whilst pointing out that the issue of security limits the the use of these resources to off-line only. They consider that there are limits for developing practices using technologies as teaching resources, but also feel motivated as they state that these practices together with other resources awaken greater engagement of learners in Physical Education practices in different spaces within the prison. Keywords: Digital Teaching Resources in the Prison System. Challenges, Limits and Motivations in Physical Education Practices in Prison. Technology and Social Reintegration.