Hayek e método
Resumo
Resumo : F.A. Hayek tem um projeto de pesquisa amplo em ciências sociais, apesar de sua grande capacidade de multifacetação podemos entender a sua extensa trajetória intelectual como calcada na investigação do processo de aquisição, retenção e difusão de conhecimento subjetivo, tácito, e falível dos agentes individuais. Em função de sua participação no debate do cálculo econômico sob o socialismo, Hayek (1937) reformula a análise de equilíbrio neoclássico ao introduzir o core de seu programa de pesquisa – a noção epistêmica de conhecimento falível, que invariavelmente levará ao problema da coordenação de planos inter-individuais. Argumenta-se que tal postulação epistêmica é o elemento central tanto de projeto da grande sociedade como de suas preocupações metodológicas de singularidade e limitação do conhecimento das ciências sociais em geral, e na ciência econômica em particular. Hayek parece prima facie aceitar o falsificacionismo popperiano, mas ao analisar suas contribuições metodológicas em relação aos fenômenos complexos, é transparente a dissociação de sua abordagem com a de Popper. A adesão ao falsificacionismo por parte de Hayek parece ser muito mais de jure do que de facto. Ainda assim, argumentamos que uma melhor maneira de entender a relação entre Hayek e Popper, reverberada em controvérsia por Hutchison e Caldwell, é nos ater a comum concepção epistemológica fundamental de falibilidade do conhecimento – postulada por Hayek em "Economics and Knowledge" (1937) e adotada por Popper em sua visão geral do racionalismo crítico.
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- Ciências Econômicas [2146]