dc.description.abstract | O modo de pensar político da renascença surge como uma extensão necessária da ruptura teológico/filosófica maior do séc. XIV e seu emprego na teologia e ciência política, através da figura de Guilherme de Occam e do dilema medieval entre realpolitik materialista e a representatividade espiritual, constituída pela sistematização e tentativas de harmonização entre razão e fé. A radicalização da divisão e divergência entre razão e fé provocou o "advento" da política como extensão pura do poder terreno, nos moldes do Império Romano e de sua virtú pagã - na figura e pensamento de Maquiavel e do poder supremo da determinação divina, na figura de Lutero. A razão "encarnada" em Erasmo, o autor mais lido e influente da época, demonstra a falência da racionalidade e da "boa vontade e disposição" filosófico/cientifica/política dos detentores de poder da época, descambando na era do absolutismo político, filosófico e moral que perdurou na Europa nos séculos subsequentes e que marcariam o nascimento "pecaminoso", por assim dizer, do estado moderno e que auxiliam na determinação de suas falhas e insuficiências existenciais. Em poucas palavras: quando a razão e a argumentação falharam (real ou aparentemente, é importante salientar), isto é, quando a solução política fracassou a revolução veio em um turbilhão de voluntarismos, na separação radical entre religião e estado, reino e súditos, burocracia e povo, homem e Deus: dicotomias simples, sem as intermediações angélicas da idade média, sem os universais, que estruturavam como "pontos eucarísticos" a época anterior, o modo de pensar e viver do ocidente que se estrutura desde pelo menos a polis grega. | |