Autorregulação psicológica e autoavaliação por meio de portfólios com crianças dos anos iniciais do ensino fundamental à luz da afetividade ampliada
Resumo
Resumo: Esta tese possui o objetivo principal de abrir caminhos no sentido de iluminar os processos de autorregulação que subsidiam a autoavaliação da aprendizagem por meio de portfólios em crianças de sete a nove anos. Critica-se o pressuposto comumente aceito de que a criança do primeiro ciclo do Ensino Fundamental simplesmente não é capaz (por limitações cognitivas e morais) de compreender e analisar seus processos de aprendizagem, e, portanto, de contribuir para a formulação de ações de maneira a superar possíveis dificuldades e buscar avanços. A presente investigação mostra-se relevante, entre outros motivos, pela necessidade de revisarmos os procedimentos formativos das crianças para que, de fato, tornemse pessoas que desenvolvam habilidades de se autorregularem, tornando-se sensíveis, críticas, reflexivas, criativas e comprometidas com sua condição de coautoras da necessária transformação social (e ambiental). Assim, empreende-se um estudo teórico iniciando pela abordagem da autoavaliação e da autorregulação à luz de autores que tratam destes temas em uma perspectiva pedagógico-educacional, seguida de uma abordagem psicológica sobre o self, de maneira a edificar as bases sobre as quais se sustentam os conceitos de autorregulação e autorregulação da aprendizagem, particularmente em crianças. Encontra-se, nesses estudos, um olhar em relação à autorregulação que restringe esses constructos aos seus aspectos cognitivos, metacognitivos e de ação, oferecendo modelos teóricos que convergem para metodologias dicotômicas e dualistas, que acabam por separar aspectos cognitivos e afetivos. Adota-se, assim, a meta-teoria designada Sistema Teórico da Afetividade Ampliada (STAA) para rever o conceito de autorregulação e autorregulação da aprendizagem, de maneira a construir uma visão mais ampliada desses constructos, empregando-a também em nosso estudo empírico. Procedeu-se à pesquisa com uma turma de vinte e nove crianças, entre sete e nove anos, que cursavam o terceiro ano do Ensino Fundamental, sua professora, e mães de cinco crianças que faziam parte desse grupo. A pesquisa foi dividida em dois níveis de coleta de dados: um Nível Amplo e um Nível dos Estudos Individualizados. No Nível Amplo empreendeu-se: Análise Documental, Observação Participante, Investigação- Ação, mediante a elaboração e aplicação de Roteiros de Autoavaliação, relacionados a atividades que compõem os portfólios individuais, bem como uma Entrevista a partir de Roteiro Semiestruturado destinado à professora participante da pesquisa. No Nível dos Estudos Individualizados, realizaram-se Entrevistas com cinco crianças, selecionadas a partir do primeiro grupo, utilizando Roteiro Semiestruturados de questões de cunho autoavaliativo, e com as mães dessas cinco crianças. Encontramos que as crianças, ao procederem à autoavaliação, em diferentes contextos escolares, mas principalmente durante a realização das atividades autoavaliativas orientadas pelo uso de portfólios, evidenciaram reconhecerem processos básicos e complexos de autorregulação psíquica e de aprendizagem, envolvendo todo o seu ser psíquico (sua Célula Psíquica - Self- Identidade-Resiliência Ampliada), seu funcionamento e desenvolvimento (Circuito Psíquico), marcados pela emergência de aspectos individuais (intraindividuais) e interacionais (Alteridade e Homeostase), dialógicos e grupais, indispensáveis para os processos de autorregulação, psicológica e da aprendizagem, conforme postula o STAA. Palavras-chave: Autorregulação Psicológica. Autorregulação da Aprendizagem. Autoavaliação. Portfólios. Sistema Teórico da Afetividade Ampliada. Desenvolvimento Humano. Abstract: This thesis has as its main aim to open ways to enlighten the self-regulation processes which support the self-assessment of learning by means of portfolios in children aged seven to nine. The presupposition commonly acceptced that the child at the first cycle of Elementary School is simply not able (because of cognitive and moral limitations) to comprehend and analyze their learning processes, and therefore, to contribute for the formulation of actions that make them overcome possible difficulties and seek for advances is criticized. The present investigation is relevant, among other reasons, due to the necessity to revise the formative procedures of the children so that they can really become people who can develop abilities of self-regulation, becoming sensitive, critical, reflexive, creative and committed to their condition of co-authors of the necessary social (and environmental) transformation. That being so, a theoretical study which starts at the approach of the self-assessment and the self-regulation is carried out in the light of authors who deal with these themes in a more educational pedagogic perspective, followed by a psychological approach about the self, which aims to construct the bases on which the concepts of self-regulation and self-regulated learning, particularly in children. There is in these studies an interpretation concerning the selfregulation that restricts these concepts to their cognitive, metacognitive and action aspects, offering theoretical models that converge to dichotomic and dualistic methodologies, which end up separating cognitive and affective aspects. Therefore, the meta-theory called Sistema Teórico da Afetividade Ampliada - STAA (Theoretical System of Extended Affectivity) is adopted to revise the concept of self-regulation and self-regulated learning, in order to construct a broader view of these concepts, applying them in our empirical study. The research was carried out with a group of twenty-nine children aged seven to nine years old who were attending the third year of Elementary School and their teacher as well as the mothers of five of the children who participated in it. The research was divided into two levels of data collection: a Broad Level and an Individualized Studies Level. In the Broad Level a Documentary Review, a Participant Observation, an Action-Research were carried out by means of the elaboration and application of Self-Evaluation Scripts related to activities that make up the individual portfolios as well as an Interview from semi-structured scripts for the participant teacher of this research. At the Individualized Studies Level, Interviews were conducted with the use of Semi-structured Scripts of issues concerning self-evaluation, which were done with five children and their mothers. We have found that when the children were self-assessing in different school contexts, but mainly during the oriented self-evaluated activities using portfolios, they showed to recognise basic and complex processes of psychologigal self-regulation and of their learning, involving all the psychological being (Psychological Cell - Self-Identity- Extended Resilience), its operation and development (Psychological Circuit), marked by the emergence of individual aspects (intra-individual) as well as interactional (Alterity and Homeostasis), dialogical and group ones, indispensable to the processes of psychological and learning self-regulation, as the STAA postulates. Key words: Psychological self-regulation. Self-Regulation of Learning. Self- Assessment. Portfolios. Theoretical System of Extended Affectivity. Human Development.
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