Comércio inter-regional e uso de água : uma análise de insumo-produto para o Estado do Paraná
Resumo
Resumo : O Brasil detém uma disponibilidade hídrica satisfatória. Entretanto, a distribuição espacial desse recurso é desigual. Fatores ambientais, de concentração econômica e relações comerciais, têm causado situações de restrições hídricas. O Paraná por sua vez, também apresenta situação hídrica satisfatória, entretanto, existem projeções positivas de expansão na produção agrícola até 2029, além do adensamento de novas regiões metropolitanas, como a de Curitiba, Londrina e Maringá. Situações como essas podem pressionar a demanda hídrica local. Apesar da oferta de água no mundo permanecer praticamente constante ao longo dos anos em função do ciclo hidrológico, a disponibilidade de água doce não é ilimitada. Neste trabalho, o principal objetivo foi identificar como as relações intersetoriais do encadeamento produtivo das 27 Unidades da Federação (UFs) interagem com a necessidade de requerimento de água para produção de insumos e como essa relação afeta o estado do Paraná, em específico. A fim de atender o objetivo proposto, a metodologia baseou-se nos dados da matriz inter-regional de insumo-produto de Haddad, Gonçalves Júnior e Nascimento (2018) e de dados do Sistema de Contas Hídricas Nacionais (SCHN), ambos para o ano de 2015. A estratégia de análise empírica baseou-se na abordagem de Miyazawa adaptada a partir do estudo de Vale, Perobelli e Chimeli (2018). Os resultados foram divididos em duas partes, de modo que, quando reportados os multiplicadores regionais de produção inter-regional, verificou que o Paraná tem maior relação de comércio com os estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, independentemente da atividade. Uma das possíveis causas desse alto encadeamento está atrelado ao fato de que pertencem a macrorregiões próximas, destacando um efeito vizinhança importante. Para os multiplicadores de Miyazawa, com ênfase na propagação externa, percebeu-se que as interações de comércio regional entre o Paraná e as demais localidades são persistentes e favorecem as trocas sucessivas de comércio, não só do bem estritamente, como do volume de água embutido na produção. Nesse caso, chamou-se a atenção para setores com alta pegada hídrica (PH), como no caso da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, que diante da possibilidade da interação comercial persistente, poderá sofrer uma crescente demanda de recursos hídricos dentro dos limites territoriais do próprio Paraná. As maiores relações de propagação externa foram com São Paulo, que pode ser entendido como o Estado que apropria quantidades consideráveis de água no comércio inter-regional advindas do Paraná.
Collections
- Ciências Econômicas [2072]