Configurações do preconceito na universidade pública : efeitos subjetivos das relações entre estudantes e práticas formativas
Resumo
Resumo: O acesso à leitura e escrita, como condição histórico-cultural necessária para o desenvolvimento humano de sujeitos que vivem em um mundo letrado contribui de forma significativa para o estabelecimento de relações de aprendizagem. A partir da implantação de políticas inclusivas para o acesso e a permanência nas Instituições de Educação Superior (IES) do Brasil, a reflexão sobre a promoção da inclusão, o reconhecimento da diversidade e a produção subjetiva discente é relevante ao considerarmos as mudanças no perfil estudantil e suas necessidades. A preocupação com o letramento acadêmico e seus efeitos subjetivos na constituição da identidade profissional do universitário nos leva a problematizar a configuração de preconceitos produzidos entre os estudantes e as práticas verbais institucionalizadas no contexto histórico das universidades brasileiras. Assim, a pesquisa objetivou investigar os sentidos do preconceito e seus efeitos para os universitários em uma Universidade Pública. Partimos de uma concepção crítica de educação e da filosofia da linguagem de Mikhail Bakhtin e Valentin Volóchinov para compreender o preconceito enquanto prática social historicamente situada e valorada pela cultura universitária em relação ao perfil do universitário. Os dados do estudo foram produzidos em Entrevistas com quatro (04) estudantes a partir de seus enunciados sobre suas histórias de letramento até a universidade e experiências de preconceito vividas em ambiente acadêmico. Na análise dos dados levamos em consideração o posicionamento valorativo produzido na relação entre dois centros verboaxiológico eu-tu/pesquisadorestudante, duas consciências responsáveis e participativas, bem como o lugar pluridiscursivo e dialógico das relações sociais. Os resultados ressaltam que na tensa arena de vozes são configurados sentidos de preconceito como desempenho acadêmico, classe social, raça, gênero, etc. atrelados às práticas de ensino desenvolvidas na Educação Superior. Os resultados demonstram ainda o sofrimento ético-político revelado pelas vozes dos universitários representados como vergonha, humilhação e inadequação. Nesse sentido, as problematizações teórico-metodológicas permitem afirmar que a homogeneização das práticas verbais na Educação Superior produz preconceito, discriminação e exclusão, produzindo também subjetividades desviantes ao código normativo dominante. Diante disso, concluímos que na relação dos estudantes com o gênero acadêmico são produzidas barreiras simbólicas para seu êxito como universitário e futuro profissional. Por fim, apontamos para a necessidade de compreensão das práticas formativas em sua dimensão discursiva, histórica e social na superação do preconceito acadêmico na Educação Superior e na promoção da aprendizagem pautada nas relações de múltipla alteridade. Abstract: Access to reading and writing, as a necessary historical-cultural condition for the human development of subjects who live in a literate world, contributes significantly to the establishment of learning relationships. From the implementation of inclusive policies for access and permanence in Higher Education Institutions (HEIs) in Brazil, the reflection on the promotion of inclusion, the recognition of diversity and the subjective student production is relevant when considering the changes in the student profile and your needs. The concern with academic literacy and its subjective effects in the constitution of the university student's professional identity leads us to problematize the configuration of prejudices produced among students and institutionalized verbal practices. Thus, the research aimed to investigate the meanings of prejudice and its effects for university students at a Public University. We started from a critical conception of education and the philosophy of language by Mikhail Bakhtin and Valentin Volóchinov to understand prejudice as a historically situated and valued social practice. The study data were produced in Interviews with four (04) students from their statements about their literacy stories up to the university and prejudice experiences lived in an academic environment. In the analysis of the data, we consider the valuing position produced in the relationship between two verboaxiological centers me-you / researcher-student, two responsible and participatory consciences, as well as the pluridiscursive and dialogical place of social relations. The results emphasize that in the tense arena of voices, meanings of prejudice are configured, such as academic performance, social class, race, gender, etc. linked to the teaching practices developed in Higher Education. The results also demonstrate the ethical-political suffering revealed by the voices of university students represented as shame, humiliation and inadequacy. In this sense, the theoretical-methodological problematizations allow us to affirm that the homogenization of verbal practices in Higher Education produces prejudice, discrimination and exclusion, also producing deviant or abnormal subjectivities that do not fit the dominant normative code. Therefore, we conclude that in the relationship of students with the academic genre, symbolic barriers to their success as a university student and professional future are produced. Finally, we point to the need to understand formative practices in their discursive, historical and social dimension in preventing prejudice in Higher Education??and in promoting learning based on multiple alterity relationships.
Collections
- Teses [376]