"Eu só espero poder estar viva amanhã" : uma cartografia do feminino na Amazônia Acreana : diálogos entre violência de gênero, decolonialidade, educação popular e extensão universitária
Resumo
Resumo: O Esta tese fabricou-se por meio de uma cartografia guiada pelas vozes das mulheres acreanas, buscando a compreensão dos fenômenos que produziram especificidades da violência de gênero na Amazônia. Discutem-se os significados de ser mulher na Amazônia por meio de narrativas colhidas durante as oficinas de educação popular feminista do projeto de extensão "Ufac pelo fim da Violência contra a Mulher" da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da Universidade Federal do Acre (Ufac), ocorrido entre os anos de 2013 e 2015, nos 22 municípios do estado do Acre. Projeto este criado para suprir demanda trazida por uma política pública do governo do estado do Acre, sendo, portanto, abarcado por ela. A pesquisa apontou a violência como marca central na construção das feminilidades amazônicas, considerando, ao mesmo tempo, que essas são diversas na composição do território do feminino na região. A partir das vozes coletadas em campo, exploram-se as fronteiras entre feminismo e decolonialidade, pois pensar a realidade das mulheres amazônidas é, sobretudo, repensar o processo de colonialidade do poder e a estruturação do patriarcado na região. Nesse sentido, analisaram-se as possibilidades trazidas pela educação popular e pela extensão universitária para a construção de relações igualitárias e livres de violência entre homens e mulheres, enfatizando-se a responsabilização das instituições de ensino, em especial as universidades públicas, no combate à violência de gênero. A tese produz um mapa de sentidos que transita dialeticamente entre a violência e a resistência, focando na necessidade de soluções endógenas para os povos amazônicos, que viabilizem uma visão descolonizada de si e sobre seu território. Assim, trata-se da elaboração de novas possibilidades de relações de gênero a partir do reconhecimento de nossa socialização colonizada, dentro de um sistema patriarcal de naturalização de pedagogias da crueldade, trazendo, como contraponto, a viabilidade de rompimento de ciclos violentos por meio de contrapedagogias da crueldade, que, nesse caso, podem dar-se pelos caminhos da extensão, da educação popular e pela reestruturação dos tecidos comunitários. Palavras-chave: Mulheres Amazônidas. Violência de Gênero. Educação Popular. Extensão Universitária. Abstract: This thesis was elaborated through a cartography guided by voices of the women of Acre, seeking to understand the phenomena that produced specificities of gender violence in the Amazon. The meanings of being a woman in the Amazon are discussed through narratives collected during popular feminist education workshops of the extension project "Ufac pelo fim da Violência contra a Mulher" of the Pro-Rectory of Extension and Culture of the Universidade Federal do Acre (Ufac), that happened between 2013 and 2015, in 22 cities of Acre. This project was created to meet the demand brought by a public policy of the state government of Acre, being, therefore, encompassed by it. The research pointed to violence as a central mark in the construction of amazonian femininities, considering, at the same time, that these are diverse in the composition of the feminine territory in the region. Based on the voices collected in the field, the boundaries between feminism and decoloniality are explored, since thinking about the reality of Amazonian women is, above all, rethinking the process of coloniality of power and the structuring of patriarchy in the region. In this sense, the possibilities brought by popular education and university extension for the construction of egalitarian and violence-free relationships between men and women were analyzed, emphasizing the accountability of educational institutions, especially public universities, in the fight against gender violence. The thesis produces a map of meanings that dialectically transits between violence and resistance, focusing on the need for endogenous solutions for Amazonian peoples, which enable a decolonized view of themselves and their territory. Thus, it is about the elaboration of new possibilities of gender relations from the recognition of our colonized socialization, within a patriarchal system of naturalization of cruelty pedagogies, bringing, as a counterpoint, the viability of breaking violent cycles through counterpedagogies of cruelty, which, in this case, can take place through the paths of extension, popular education and the restructuring of community fabrics. Keywords: Amazon Women. Gender Violence. Popular Education. University Extension.
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