A proibição das brincadeiras : um estudo sobre a experiência lúdica infantil na escola
Abstract
Resumo: Este estudo analisou como as intervenções educativas interferem na experiência lúdica infantil dentro das instituições de ensino. Problematizou as relações entre cultura escolar e cultura infantil, tomando como objeto de estudo as situações em que brincadeiras comuns aos pátios de recreio escolar tornam-se proibidas. As análises mobilizaram conceitos formulados pela pioneira sociologia da infância produzida por Florestan Fernandes na década de 1940. Em contraste com esses conceitos, foram acionados outros campos do pensamento social, como a teoria da estruturação de Giddens (2003). A pesquisa de campo foi inspirada em pressupostos antropológicos, valeu-se de estratégias comuns à observação participante e foi organizada em duas fases. Na primeira, de caráter exploratório, realizou-se um amplo mapeamento das proibições na rede municipal de ensino de Curitiba - Paraná, por meio de encontros com grupos de inspetores. Ainda nesta fase, observações de campo realizadas em outros cinco contextos socioculturais distintos forneceram evidências acerca dos diferentes modos de gestão da experiência lúdica infantil na escola. Na segunda fase, foram observadas seis escolas municipais de Curitiba - Paraná. Nelas, os procedimentos de produção de dados utilizados foram a observação de recreio, as conversas com crianças e com profissionais e a realização de uma atividade de produção de texto com as crianças. O instrumento usado para o registro dos dados foi o diário de campo. Participaram do estudo crianças entre 05 e 11 anos, do 1º ano ao 5º ano do ensino fundamental. Ao longo das análises, a experiência lúdica infantil foi tratada como um fenômeno fundamentalmente imbricado nas relações sociais e marcado por constrangimentos institucionais. Múltiplas conexões teóricas foram acionadas para contextualizar a pertença dos elementos culturais mobilizados nas respostas que os profissionais dão aos problemas decorrentes de brincadeiras que acontecem sob suas vistas. O estudo mostrou que essas respostas traduzem parâmetros morais e socioculturais prevalecentes em uma determinada comunidade. A ordem escolar que opera no interior das instituições de ensino foi vista então como resultado não apenas das determinações normativas, mas de um conjunto mais amplo de significações. Foram colocadas em questão as evidências de uma educação não apenas cognitiva, mas também promotora de uma formação do comportamento infantil, que impõe limites ao desenvolvimento de diversas habilidades que as brincadeiras na infância promovem. Palavras-chave: culturas da infância, brincadeira, recreio, cultura escolar, experiência lúdica. Abstract: This study sought to understand how educational interventions interfere in children's play experience within educational institutions. The relations between school culture and childhood culture have been analyzed, taking as object of study situations in which ordinary games and children's play are prohibited in schoolyards. These analyses took into account concepts formulated by the pioneering sociology of childhood, produced by Florestan Fernandes in the 1940s. Contrasting with these concepts, ideas from other fields of social thought were also employed, such as Giddens' theory of structuration (2003). The field research was inspired by anthropological assumptions, drawing upon strategies of participant observation, and was organized in two stages. In the first stage, of exploratory nature, a wide mapping of prohibitions was conducted in the public school system of the city of Curitiba - Paraná, through meetings with groups of school inspectors. Still at this stage, field observations in another five distinct sociocultural contexts provided evidence of different styles of managing children's play experience at school. In the second stage, six public schools of the city of Curitiba - Paraná were observed. Data was collected through observation during school breaks, talks with children and school staff, and a writing activity conducted with the children. A field diary was used to record this data. Children in the 5-11 age range (1st to 5th grade) took part in the study. Throughout the analyses, children's play experience was treated as a phenomenon fundamentally interwoven with social relations and marked by institutional constraints. Multiple theoretical connections were built to contextualize the belonging of cultural elements that arose on school staff replies to the issues caused by children's play they had observed. This study found that these replies reflect moral and sociocultural parameters that prevail in a given community. Therefore, the school order that operates within educational facilities was seen as a result not only of normative determinations, but also of a broader set of significations. Evidence related to cognitive education and also to education that promotes the formation of children's behavior was put into question, as it imposes limits to the development of several. Resumen: Este estudio buscó comprender cómo las intervenciones educativas interfieren en la experiencia lúdica infantil en las instituciones educativas. Problematizó las relaciones entre cultura escolar y cultura infantil, tomando como objeto de estudio las situaciones en las que juegos comunes a los patios de recreo escolar se vuelven prohibidos. Los análisis mobilizaron conceptos formulados por la pionera sociología de la infancia, producida por Florestan Fernandes en la década de 1940. En contraste con esos conceptos, fueron accionados otros campos del pensamiento social, como la teoría de la estructuración de Giddens (2003). La investigación de campo fue inspirada en presupuestos antropológicos, se valió de estratégias comunes a la observación participativa y fue organizada en dos fases. En la primera, de carácter exploratorio, se realizó una amplia esquematización de las prohibiciones en la red municipal de educación de Curitiba - Paraná, por medio de encuentros con grupos de inspectores (responsables por el orden y la seguridad en el ambiente escolar). En esa fase aún, observaciones de campo realizadas en otros cinco contextos socioculturales distintos suministraron evidencias sobre los diferentes modos de gestión de la experiencia lúdica infantil en la escuela. En la segunda fase, fueron observadas seis escuelas municipales de Curitiba - Paraná. En ellas, los procedimientos de producción de datos utilizados fueron la observación de recreo, las charlas con los niños y profesionales y la realización de una actividad de producción de texto con los niños. El instrumento utilizado para el registro de los datos fue el diario de campo. Participaron del estudio niños entre 05 y 11 anos, del 1.er año al 5.º año de la enseñanza fundamental. A lo largo de los análisis, la experiencia lúdica infantil fue tratada como um fenómeno fundamentalmente basado en las relaciones sociales y marcado por constricciones institucionales. Múltiplas conexiones teóricas fueron accionadas para contextualizar la pertenencia de los elementos culturales movilizados en las respuestas que los profesionales dan a los problemas resultantes de juegos que presencian. El estudio mostró que esas respuestas traducen parámetros morales y socioculturales prevalecientes en una determinada comunidad. El orden escolar que opera en el interior de las instituciones de educación fue visto, por lo tanto, como resultado no solamente de las determinaciones normativas, sino de un conjunto más amplio de significaciones. Fueron puestas en cuestión las evidencias de una educación no solamente cognitiva, sino también promotora de una formación del comportamiento infantil, que impone límites al desarrollo de diversas habilidades que los juegos en la infancia promueven. Palavras clave: culturas de la infancia, juego, recreo, cultura escolar, experiencia lúdica. skills promoted by child's play. Keywords: childhood cultures, playtime, school break, school culture, play experience .
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