A abordagem da pobreza e da desigualdade social no currículo escolar : percepções que fundamentam os planejamentos e a prática docente das professoras do Ensino Fundamental I de uma escola particular filantrópica do município de Ponta Grossa-PR
Resumo
Resumo: O artigo está fundamentado na reflexão acerca do currículo escolar enquanto instrumento transformador da realidade e que tem o professor como comunicador e mediador nesse processo. Trabalhar pela educação significa assumir o compromisso de contribuir para a formação integral das crianças, adolescentes e jovens, a partir da compreensão de seu contexto e de suas necessidades. No que diz respeito às situações de pobreza, entende-se que é direito do indivíduo reconhecer-se pobre dentro de um sistema que historicamente produz e reproduz as desigualdades sociais e favorece o círculo vicioso da pobreza. A forma como os profissionais compreendem e avaliam a pobreza e as desigualdades sociais se reflete diretamente na condução das discussões acerca dessa temática no ambiente escolar, uma vez que a atuação dos professores tende a reproduzir as percepções que eles têm, assim compreende-se que é importante conhecer tais perspectivas para que se possa avaliar a prática educativa da escola e consequentemente repensá-la. Por compreender a importância da inserção da pobreza e das desigualdades sociais no currículo escolar, e não somente incluir, mas inclusive fortalecer o processo de construção de concepções fundamentadas na sua desnaturalização, procurou-se analisar junto a professoras da primeira etapa do Ensino Fundamental de uma escola particular filantrópica situada no município de Ponta Grossa - PR, como elas entendem essa relação entre a educação, a pobreza e as desigualdades sociais no currículo escolar e de que forma essa percepção se materializa ou não em sua prática profissional; buscando encontrar resposta para esta questão foi realizada a leitura e a análise dos planejamentos do período que compreende da vigésima até trigésima segunda semana do ano letivo de 2016, concomitante à aplicação de um questionário semiaberto. Evidenciou-se que o currículo da escola não prevê reflexão voltada para a questão da pobreza e desigualdade social, embora haja percepção da importância dessa questão por parte das professoras, as poucas abordagens são realizadas de forma isolada e desvinculada do currículo formal. Entretanto se percebe uma abertura bastante significativa dessas profissionais, o que gera possibilidades de promover discussões qualificadas dentro de um processo de mobilização para repensar o currículo escolar, tendo como facilitador o momento importante que a escola vive de reformulação do seu Projeto Político Pedagógico.