Relaçoes entre comunidades rurais locais e administraçoes de parques no Brasil
Resumo
A finalidade deste trabalho foi a de analisar as ações de extensão desenvolvidas em
comunidades rurais existentes dentro e no entorno de seis unidades de conservação da
categoria parque ou manejadas como tal, situadas em quatro dos sete biomas brasileiros: a
Reserva Natural Salto Morato (PR) e o Parque Estadual da Ilha do Cardoso (SP), na Floresta
Atlântica; o Parque Nacional do Jaú (AM), na Floresta Amazônica; o Parque Nacional da Serra
da Capivara (PI), na Caatinga; e os parques nacionais Grande Sertão Veredas (MG) e
Chapada dos Veadeiros (GO), no bioma Cerrado. Foram reunidas informações bibliográficas e
junto às administrações de cada unidade para descrever as características naturais locais, o
histórico da ocupação regional, o histórico da criação e implementação de cada unidade, bem
como dados sobre o desenvolvimento de programas ou ações de extensão. Em campo,
aplicou-se questionário a moradores das unidades e seu entorno e aos funcionários das
mesmas para identificar as principais formas de ocupação da terra e usos dos recursos
naturais e opiniões sobre as ações das unidades nas atividades produtivas dos moradores e
vice-versa, como também opiniões sobre as relações entre as administrações e as
comunidades, além das necessidades de melhorias nestas. Os resultados foram analisados
para cada unidade, de forma global e comparadas as situações entre cada unidade. Verificouse
que a queda das atividades produtivas mais importantes de cada região estudada ocorreu
antes da criação das unidades e somente as atividades baseadas na exploração de recursos
naturais, como o comércio de palmito e peles, sofreram maior impacto com a existência da
unidade, mas cujas restrições são relativas à legislação vigente em todo território nacional.
Atualmente, a grande maioria das atividades dos moradores é de pequena escala e baseia-se
no extrativismo e em práticas agropecuárias pouco desenvolvidas ou inadequadas ao meio
local. Devido a esta precária situação, as unidades são pressionadas a desenvolver ações que
melhorem as condições sócio-econômicas locais. A implementação das unidades vem, direta e
indiretamente, abrindo novas oportunidades de trabalho e renda em locais que enfrentam a
falta de alternativas econômicas, infra-estrutura e serviços sociais básicos. Contudo, as que
oferecem alternativas fora das funções de manejo da unidade enfrentam dificuldades de
mercado e aquelas que oferecem melhorias sociais apresentam problemas de continuidade.
Em alguns casos, a aplicação de ações de extensão reduziu a intensidade de atividades que
exercem maior pressão sobre os recursos naturais
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