Avaliação do uso de fosfolipases-D mutadas recombinantes para prevenção dos efeitos sistêmicos do veneno de aranha-marrom

Abstract

Resumo : Aranhas do gênero Loxosceles, também conhecidas como aranhas marrom, são consideradas um problema de saúde pública no Brasil, sendo as espécies mais envolvidas em acidentes L. laeta, L. gaucho e L. intermedia. Os sinais e sintomas clínicos decorrentes de sua picada são conhecidos como loxoscelismo, uma síndrome necrótico-hemolitica que acarreta em manifestações cutâneas e/ou sistêmicas, podendo levar a morte. A toxina responsável pela maior parte desses sintomas do loxoscelismo é a fosfolipase D (FLD), pois sozinha pode reproduzir experimentalmente a maioria dos agravos. A recente produção de FLDs recombinantes com mutações sítio dirigidas sem atividade biológica, mas ativas como estimulantes antigênicos, abriu novas possibilidades terapêuticas para o loxoscelismo, como a criação de uma vacina. Dessa forma, este trabalho buscou complementar estudos feitos com FLDs recombinantes não tóxicas, usadas em esquemas vacinais, com o objetivo de melhor definir a proteção aos danos sistêmicos do loxoscelismo. Para isso, foi realizado um teste de letalidade (n = 5) em camundongos vacinados com 1 dose de um pool de FLDs (100 µg) recombinantes mutadas de L. laeta, L. gaucho e L. intermedia, no qual 2 dos camundongos foram protegidos. Pelo ensaio de ELISA, foi possível perceber que os animais vacinados com uma dose (n=5) possuíam uma baixa quantidade de anticorpos, visto que apenas dois animais produziram anticorpos detectáveis. Já no grupo de animais que receberam duas doses da vacina (100 e 60 ug), foi possível detectar anticorpos em todos os camundongos (n=5). Foram também avaliados parâmetros bioquímicos de camundongos vacinados com 3 doses (100, 60 e 30 µg), depois de desafiados com veneno de L. intermedia (8 µg/20g). A comparação com o grupo controle de proteínas séricas e da urina totais, bem como os ensaios de urinálise e a avaliação da ureia sérica indicaram que a vacina foi capaz de conferir uma proteção parcial dos danos renais. Estudos complementares, como histologia renal, testes de letalidade com camundongos vacinados com 2 doses, bem como testes bioquímicos de camundongos com 1 e 2 doses deverão ser realizados para obter um melhor panorama da proteção sistêmica do esquema vacinal

Abstract : Spiders of the genus loxosceles, also known as brown spiders, are considered a public health problem in Brazil, with the species most involved in accidents being L. laeta, L. gaucho and L. intermedia. The clinical signs and symptoms of its bite are known as loxoscelism, a necrotic-hemolytic syndrome that leads to cutaneous and/or systemic manifestations, which can lead to death. The toxin responsible for most of these symptoms of loxoscelism is phospholipase-D (FLD), since alone they can experimentally reproduce most of the injuries. The recent production of recombinant PLDs with site-directed mutations without biological activity, but active as antigenic stimulants, opened new therapeutic possibilities for loxoscelism, such as the creation of a vaccine. Thus, this work sought to complement studies carried out with recombinant non-toxic PLDs, used in vaccine regimens, with the objective of better defining the protection against systemic damage caused by loxoscelism. A lethality test (n = 5) was performed on mice vaccinated with 1 dose of a pool of mutated recombinant PLDs (100 µg) from L. laeta, L. gaucho and L. intermedia, in which 2 of the mice were protected. By the ELISA test, it was possible to notice that the animals vaccinated with one dose (n=5) had a low amount of antibodies, since only two animals produced detectable antibodies. In the group of animals that received two doses of the vaccine (100 and 60 ug), it was possible to detect antibodies in all mice (n=5). Biochemical parameters of mice vaccinated with 3 doses (100, 60 and 30 µg) were also evaluated, after the animals being challenged with L. intermedia venom (8 µg/20g). In Comparison with the control group, the total serum and urine proteins, as well as urinalysis assays and serum urea assessment indicated that the vaccine was able to confer partial protection from kidney damage. Complementary studies, such as renal histology, lethality tests with mice vaccinated with 2 doses, as well as biochemical tests with mice with 1 and 2 doses, should be performed to obtain a better picture of the systemic protection of the vaccine scheme