Análise de comportamentos ativos e passivos de ratos no protocolo de medo ao contexto - efeito do tratamento com 9-tetrahidrocanabinol

Abstract

Resumo : O desenvolvimento do transtorno de estresse pós traumático (TEPT) envolve a formação de uma memória traumática. Com alta incidência na população mundial, o TEPT afeta cerca de duas vezes mais indivíduos do sexo feminino, levando ao questionamento do motivo desta disparidade. Os circuitos cerebrais podem sofrer dimorfismos sexuais quanto à sua atividade e responsividade ao estresse. O modelo do condicionamento de medo Pavloviano é amplamente utilizado para estudar as fases da memória de medo, entretanto, o comportamento classicamente avaliado é o congelamento, um comportamento passivo. Estudos não clínicos sugerem que a estratégia comportamental de medo difere entre machos e fêmeas. Enquanto machos apresentam mais comportamentos passivos, as fêmeas parecem usar os comportamentos ativos para a expressão do medo. O objetivo deste projeto foi avaliar os comportamentos ativos e passivos expressos no modelo do condicionamento de medo ao contexto (CMC) em machos e fêmeas, e determinar a sensibilidade destes comportamentos ao ?9-tetrahidrocanabinol (THC). Ratos e ratas Wistar foram submetidos ao CMC com quatro intensidades de treino (3 choques de 0,7 mA ou 1,0 mA; 5 choques de 0,7mA ou 1,0mA). Imediatamente após a evocação e reativação da memória de medo, os animais foram tratados por via i.p. com uma dose ultra-baixa de THC (0,002 mg/kg) ou veículo. Então, foram avaliados comportamentos ativos, número de rearing e darting, e passivos, tempo de congelamento. Os resultados mostram que no treino mais fraco (3x 0,7mA), as fêmeas apresentam baixo percentual de congelamento, ao passo que, o treino de alta intensidade (5x 1,0 mA) apresentam percentuais de congelamento que se assemelham ao que é observado em machos no treino menos intenso (3x 0,7mA). Além disso, as fêmeas apresentam um maior número de comportamentos ativos quando comparadas aos machos. Juntos, estes resultados sugerem que a fêmeas apresentam um repertório comportamental distinto dos machos e maior resistência ao protocolo de CMC. Nos experimentos que houve a administração de THC 0,002 mg/kg,não houve efeitos significativos no congelamento em nenhum dos testes em fêmeas, entretanto, em machos, diminuiu a expressão da memória de medo. Em contrapartida, o tratamento não interferiu na expressão dos comportamentos ativos em ambos os sexos. O que sugere que os efeitos do THC são sexo dependentes e que os comportamentos ativos avaliados não são sensíveis a dose de THC utilizada neste projeto. Juntos os dados sugerem que os canabinoides exercem efeitos distintos entre os sexos, além de diferenças nos repertórios comportamentais para a expressão do medo

Abstract : The development of post-traumatic stress disorder (PTSD) involves the formation of a traumatic memory. With high incidence in the world population, PTSD affects about twice as many females, leading to the questioning of why this disparity exists. Brain circuits may undergo sexual dimorphisms in terms of their activity and responsiveness to stress. The Pavlovian fear conditioning model is widely used to study the stages of fear memory, however, the behavior classically assessed is freezing, a passive behav ior. Non-clinical studies suggest that fear behavioral strategy differs between males and females. While males exhibit more passive behaviors, females appear to use ac tive behaviors for fear expression. The aim of this project was to evaluate the active and passive behaviors expressed in the context fear conditioning (CMC) model in males and females, and to determine the sensitivity of these behaviors to ?9-tetrahy drocannabinol (THC). Wistar rats and mice were subjected to CMC with four training intensities (3 shocks of 0.7 mA or 1.0 mA; 5 shocks of 0.7mA or 1.0mA). Immediately after fear memory evocation and reactivation, animals were treated i.p. with an ultra low dose of THC (0.002 mg/kg) or vehicle. Then, active behaviors, number of rearing and darting, and passive behaviors, freezing time, were evaluated. The results show that in the weakest training (3x 0.7mA), females show a low freezing percentage, while in the (5x 1.0 mA) training they show freezing percentages that resemble what is ob served in males in the least intense training (3x 0.7mA). In addition, females show a greater number of active behaviors when compared to males. Together, these results suggest that females have a different behavioral repertoire from males and greater resistance to the BCC protocol. In the experiments in which THC 0.002 mg/kg was administered, there were no significant effects on freezing in any of the tests in fe males, however, in males, it decreased the expression of fear memory. In contrast, the treatment did not interfere with the expression of active behaviors in either sex. This suggests that the effects of THC are sex dependent and that the active behaviors as sessed are not sensitive to the dose of THC used in this project. Together the data suggest that cannabinoids exert distinct effects between the sexes, in addition to dif ferences in behavioral repertoires for fear expression