Comparação da função, arquitetura e composição muscular de corredores másters de longas distâncias com idosos fisicamente ativos, idosos insuficientemente ativos e jovens ativos

Abstract

Resumo: O objetivo geral deste estudo foi analisar as variáveis da função, arquitetura e composição muscular dos músculos vasto lateral e gastrocnêmio lateral de corredores masters de longas distâncias e comparar a idosos fisicamente ativos, insuficientemente ativos e jovens ativos. Foram selecionados 20 sujeitos para cada grupo: idosos = 60 anos (idosos corredores de longas distâncias, idosos fisicamente ativos e idosos insuficientemente ativos), além dos jovens ativos (entre 18 a 35 anos). A coleta foi realizada em 8 dias: no primeiro dia foi realizada: 1) avaliação antropométrica e preenchimento do questionário de treinamento; 2) avaliada a composição e arquitetura muscular dos músculos vasto lateral e gastrocnêmio lateral por meio do aparelho de ultrassom; 3) realizado o teste isométrico de contração voluntária máxima dos extensores do joelho e plantiflexores do tornozelo; 4) entrega e explicação do uso do acelerômetro. Do segundo dia ao oitavo dia de coleta foi o tempo de uso do acelerômetro totalizando 7 dias consecutivos com monitoramento via whatsapp. Para verificação da normalidade dos dados foi utilizado o teste KolmogorovSmirnov. Para comparação entre os grupos, foi utilizada a análise de variância (ANOVA - ONE WAY) seguida de post hoc de Bonferroni. Para a associação entre nível de atividade física e variáveis musculares do grupo geral de idosos foi utilizado o teste de correlação Pearson (paramétrico) e Spearman (nãoparamétrico). Como resultados, o grupo de corredores não apresentou diferença em relação ao pico de torque dos extensores do joelho quando comparado aos seus pares da mesma idade, somente o grupo de jovens apresentou maior pico de torque que todos os grupos de idosos. Já em relação ao pico de torque dos plantiflexores do tornozelo não houve diferença significativa entre os grupos. A respeito das variáveis da arquitetura muscular, os idosos corredores e jovens ativos apresentaram valores similares entre si na espessura muscular e maior espessura quando comparados aos insuficientemente ativos, mas não em relação aos fisicamente ativos. Na área de secção transversa, o grupo de corredores se assemelhou aos jovens e o grupo de jovens apresentou maior área de secção transversa que os fisicamente e insuficientemente ativos. Além disso, não foram encontradas diferenças estatísticas nas demais variáveis da arquitetura muscular do vasto lateral e nenhuma diferença nas variáveis do gastrocnêmio lateral. Já na composição muscular, o grupo de jovens apresentou menor infiltração de gordura e tecido não contrátil tanto no vasto lateral quanto no gastrocnêmio lateral na comparação com todos os grupos de idosos. Por fim, com relação ao nível de atividade física e às correlações com as variáveis musculares do grupo geral de idosos, foram encontradas associações fracas. Como conclusão, os corredores apresentaram maior área de secção transversa do vasto lateral que seus pares da mesma idade e valores similares aos jovens, mas não houve diferença com os fisicamente ativos na espessura muscular, podendo-se assumir que o treinamento ao longo da vida pode proporcionar adaptações musculares que favorecerão uma melhor qualidade de vida na velhice, mas ser fisicamente ativo pode ser suficiente também. Em contrapartida, a infiltração de gordura e tecido não contrátil que ocorre com o avanço da idade ocorrerá independentemente da prática de atividade física

Abstract: The general objective of this study was to analyze the function, architecture, and muscle composition variables of the vastus lateralis and lateral gastrocnemius muscles of master long-distance runners and compare them with those of physically active, insufficiently active, and young active individuals. Twenty subjects were selected for each group: elderly individuals = 60 years old (elderly long-distance runners, physically active elderly individuals, and insufficiently active elderly individuals), as well as young active individuals (aged 18 to 35). Data collection was conducted over eight days: on the first day, the following were performed: 1) anthropometric assessment and completion of the training questionnaire; 2) assessment of the muscle composition and architecture of the vastus lateralis and lateral gastrocnemius muscles using an ultrasound device; 3) an isometric maximal voluntary contraction test of the knee extensors and ankle plantar flexors; and 4) delivery and explanation of accelerometer use. From the second to the eighth day of data collection, the accelerometer was used for a total of seven consecutive days with monitoring via WhatsApp. The KolmogorovSmirnov test was used to verify data normality. One-way analysis of variance (ANOVA) followed by Bonferroni's post hoc test was used for comparison between groups. The Pearson (parametric) and Spearman (non-parametric) correlation tests were used to determine the association between physical activity level and muscle variables in the general elderly group. The results showed that the runner group showed no difference in peak torque of the knee extensors when compared to their age-matched peers; only the young group had higher peak torque than all the elderly groups. Regarding peak torque of the ankle plantar flexors, there was no significant difference between the groups. Regarding muscle architecture variables, the active elderly runners and young individuals presented similar values in muscle thickness and greater thickness when compared to the insufficiently active, but not compared to the physically active group. In cross-sectional area, the runner group resembled the young individuals, and the young group had a larger cross-sectional area than the physically and insufficiently active individuals. Furthermore, no statistical differences were found in the other variables of the vastus lateralis muscle architecture, nor in the lateral gastrocnemius variables. Regarding muscle composition, the young group showed less fat infiltration and non-contractile tissue in both the vastus lateralis and the lateral gastrocnemius muscles compared to all older groups. Finally, regarding physical activity level and correlations with muscle variables in the general older group, weak associations were found. In conclusion, runners had a larger cross-sectional area of the vastus lateralis than their age-matched peers and similar values to those of the young group. However, there was no difference in muscle thickness compared to the physically active group. It can be assumed that lifelong training can provide muscular adaptations that will favor a better quality of life in old age, but being physically active may also be sufficient. Conversely, the infiltration of fat and non-contractile tissue that occurs with advancing age will occur independently of physical activity