Tamanho e composição de grupos de bugios-ruivos (Alouatta guariba clamitans) em dois fragmentos de Matas com Araucária na área de proteção ambiental do Alto Rio Iguaçu

Abstract

Resumo : O Bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans) está classificado como um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo, ocorrendo na Mata Atlântica do sudeste ao sul do Brasil e noroeste da Argentina, onde consegue sobreviver em pequenos fragmentos florestais com pressões antrópicas negativas, incluindo a susceptibilidade à febre amarela. No Município de Curitiba, estado do Paraná, os bugios ocorrem em alguns fragmentos de Matas com Araucária que sofrem intensos processos de devastação. O objetivo deste trabalho foi avaliar o número, tamanho e composição sexo-etária de grupos de bugios-ruivos em vida livre, e suas respectivas abundâncias relativas, em dois pequenos fragmentos de Mata com Araucária na região periurbana do Município de Curitiba, estado do Paraná, sul do Brasil: um de 63 ha nos arredores do Zoológico Municipal de Curitiba (25°33'35"S 49°13'53"O), pertencente ao Parque Municipal do Iguaçu, e outro de 53 ha nos arredores da Chácara Nazareno (25°34'55"S 49°15'39"O). Ambos inseridos na Área de Proteção Ambiental (APA) Municipal do Rio Iguaçu, em uma parcela de Alta Restrição de Uso. Para tanto, os animais foram registrados através de expedições de campo semanais, percorrendo o perímetro e o interior dos fragmentos, incluindo-se trilhas estabelecidas, buscando observações diretas ou localizando os animais através de seus roncos, durante 13 meses. No total foram registrados 74 indivíduos em 13 grupos sociais (sete nas matas do Zoológico e seis nas da Chácara) ao longo de 220 km percorridos em aproximadamente 222h horas de campo. Os resultados obtidos não sugerem um gargalo populacional em ambos os fragmentos estudados. Os resultados mostraram que os ambientes possuem grupos de bugios-ruivos com tamanho, composição, taxa reprodutiva e abundâncias que sugerem populações estabelecidas, talvez por serem ambientes urbanos e periurbanos onde estiveram relativamente protegidos dos últimos ciclos silvestres da febre amarela