(In)visibilidade do racismo em trajetórias escolares na perspectiva de pedagogas e professoras

Abstract

Resumo : Esta pesquisa buscou investigar como pedagogas e professoras avaliam os efeitos de suas práticas nas trajetórias de estudantes negros e brancos. As desigualdades raciais que incidem sobre a escola resultam em vantagens nas trajetórias de estudantes brancos quando comparada aos estudantes negros. Considerando o respaldo legal da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei nº 9.394/1996), modificada pela Lei nº 10.639/2003 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana de 2004, essa investigação se insere como possibilidade de pôr em evidência a prática pedagógica como objeto de avaliação diante dos efeitos do racismo em percursos escolares. Para tanto, o estudo se realizou com a participação de cinco educadoras que atuam na educação básica da Rede Pública municipal e estadual da cidade de Curitiba/Paraná e que integraram o grupo focal e a entrevista. O exame dos diálogos das educadoras resultou na delimitação de quatro categorias de análise compõem os capítulos desse trabalho, qual seja: o trabalho da pedagoga como efeito-escola, a (in)visibilidade do racismo na escola, o reconhecimento racial das pedagogas e professoras e a reflexão sobre a prática. A pesquisa pode concluir que ao colocar o fazer-pedagógico como objeto de avaliação, as educadoras expressam como resultado de suas práticas cotidianos o que chamamos de efeito-pedagoga: práticas, ações, posturas, gestos, discursos ditos e não-ditos que produzem experiências de modo diferenciado para estudantes brancos e negros no contexto escolar, impactando diretamente em suas trajetórias escolares. Desse modo, os estudos de trajetórias escolares precisam colocar no centro da discussão a produção de vantagens e desvantagens a partir do que é denominado como branquitude, uma vez que este lugar de vantagem que se internaliza nas práticas pedagógicas deverá ser tido como parte dos efeitos em percursos escolares.

Abstract : This research aimed to investigate how pedagogues and teachers assess the effects of their practices on the trajectories of Black and White students. The racial inequalities that affect schools result in advantages for White students' trajectories compared to those of Black students. Considering the legal framework of the Law of Guidelines and Bases for Education (LDB – Law No. 9,394/1996), amended by Law No. 10,639/2003, and the National Curriculum Guidelines for Ethnic-Racial Relations Education and for the Teaching of Afro-Brazilian and African History and Culture (2004), this investigation emerges as an opportunity to highlight pedagogical practice as an object of evaluation regarding the effects of racism on school trajectories. To this end, the study involved the participation of five educators working in basic education within the municipal and state public school systems in Curitiba, Paraná. These educators participated in a focus group and interviews. The analysis of the educators' dialogues resulted in the delineation of four analytical categories that structure the chapters of this work: the pedagogue's work as a school-effect, the (in)visibility of racism in schools, the racial recognition of pedagogues and teachers, and the reflection on practice. The research concluded that by placing pedagogical work as an object of evaluation, educators articulate what we call the pedagogueeffect as a result of their daily practices: practices, actions, attitudes, gestures, spoken and unspoken discourses that produce differentiated experiences for Black and White students within the school context, directly impacting their educational trajectories. Thus, studies on school trajectories need to center discussions on the production of advantages and disadvantages stemming from what is referred to as whiteness, as this position of advantage embedded in pedagogical practices must be considered a factor influencing school trajectories.