Da célula à inovação na agricultura celular : startups e parceiros na orquestração de ecossistemas de inovação emergentes

Abstract

Resumo: As startups enfrentem barreiras tecnológicas e financeiras mais acentuadas em relação a outros negócios, especialmente em seus primeiros passos. Uma forma de reduzir tais lacunas é com a sua inserção em Ecossistemas de Inovação, onde diferentes organizações unem capacidades e recursos para viabilizar soluções inovadoras. Nesses ambientes, as startups conseguem acessar recursos, infraestrutura e financiamento. Entretanto, Ecossistemas em fases de nascimento ou expansão nem sempre conseguem suprir todas as necessidades de seus participantes, especialmente às startups, devido à infraestrutura ainda incompleta. Os Ecossistemas de Inovação estimulam intensamente atividades empreendedoras, permitem que startups assumam papeis estratégicos e influenciem novos produtos ou mercados. O Ecossistema de Agricultura Celular demonstra esse tipo de aglomeração emergente, que desenvolve tecnologias para produzir carne em laboratório, sem a necessidade de criação e abate de animais. Apesar do potencial promissor, esse ecossistema ainda enfrenta desafios relacionados ao custo de produção, escalabilidade, regulamentação e aceitação do consumidor. Este cenário é propício para investigar como startups interagem com ecossistemas emergentes frente as oportunidades e desafios específicos desses ambientes emergentes. Entretanto, ainda há poucos estudos que aprofundem a interação de startups com outros atores nesses contextos. Dessa forma, o objetivo da presente tese foi compreender como a apropriação de papeis, as estratégias de colaboração e a interação entre facilitadores e barreiras ocorrem na relação entre startups e outros atores para orquestrar o Ecossistema de Agricultura Celular brasileiro. Para tal, foi realizado um estudo de caso múltiplo com três startups brasileiras de Agricultura Celular. Foram realizadas 14 entrevistas entre as startups e mais oito atores que participam do ecossistema, além da análise de 64 documentos. Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo e por casos cruzados. Os principais resultados permitiram detalhar o contexto de emergência do Ecossistema de Inovação de Agricultura Celular Brasileiro, mapear oito grupos de atores, identificar 16 motivações para os atores firmarem parcerias e a adoção de oito estratégias de parceria. A Tese também introduz os conceitos de orquestradores sistêmicos (coordenação ampla e estratégica de todo o ecossistema) e orquestradores direcionais (ações de menor amplitude, mas central para a articulação da proposta de valor), contribuindo para a compreensão dos papeis desempenhados na aglomeração. Por fim, o trabalho ainda apresenta uma estrutura que detalha como características facilitadoras contribuem na redução de barreiras, tanto das startups quanto de outros participantes do ecossistema. Assim, esta tese contribui para o refinamento teórico de como ocorre a orquestração de Ecossistemas de Inovação Emergentes, além de ampliar a compreensão teórica empírica sobre as funções dos participantes, motivações para ingresso, estratégias de colaboração e como facilitadores auxiliam na redução de barreiras entre stakeholders de ecossistemas em estágios iniciais

Abstract: Startups face more significant technological and financial barriers than other businesses, especially in their early stages. One way to bridge these gaps is to join Innovation Ecosystems, where different organizations combine capabilities and resources to enable innovative solutions. In these environments, startups can access resources, infrastructure, and financing. However, ecosystems in their infancy or expansion phases are not always able to meet all the needs of their participants, especially startups, due to the still incomplete infrastructure. Innovation Ecosystems strongly stimulate entrepreneurial activities, allow startups to take on strategic roles, and influence new products or markets. The Cellular Agriculture Ecosystem demonstrates this type of emerging cluster, which develops technologies to produce meat in a laboratory, without the need to raise and slaughter animals. Despite its promising potential, this ecosystem still faces challenges related to production costs, scalability, regulation, and consumer acceptance. This scenario is conducive to investigating how startups interact with emerging ecosystems in the face of the specific opportunities and challenges of these emerging environments. However, there are still few studies that delve deeper into the interaction of startups with other actors in these contexts. Thus, the objective of this thesis was to understand how the appropriation of roles, collaboration strategies, and the interaction between facilitators and barriers occur in the relationship between startups and other actors to orchestrate the Brazilian Cellular Agriculture Ecosystem. To this end, a multiple case study was conducted with three Brazilian Cellular Agriculture startups. Fourteen interviews were conducted between the startups and eight other actors participating in the ecosystem, in addition to the analysis of 64 documents. The data were analyzed using content analysis and cross-case analysis techniques. The main results allowed us to detail the context of emergence of the Brazilian Cellular Agriculture Innovation Ecosystem, map eight groups of actors, identify 16 motivations for the actors to establish partnerships, and the adoption of eight partnership strategies. The thesis also introduces the concepts of systemic orchestrators (broad and strategic coordination of the entire ecosystem) and directional orchestrators (smaller-scale actions, but central to the articulation of the value proposition), contributing to the understanding of the roles played in the cluster. Finally, the work also presents a structure that details how facilitating characteristics contribute to the reduction of barriers, both for startups and other participants in the ecosystem. Thus, this thesis contributes to the theoretical refinement of how the orchestration of Emerging Innovation Ecosystems occurs, in addition to expanding the theoretical-empirical understanding of the roles of participants, motivations for entry, collaboration strategies and how facilitators help to reduce barriers between stakeholders of ecosystems in early stages