A importância das relações afetivas na aprendizagem discente

Abstract

Resumo: Esta dissertação investiga como as relações afetivas influenciam os processos de ensino e aprendizagem nas disciplinas do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O problema de pesquisa parte da constatação de que, embora afetividade e aprendizagem estejam intrinsecamente relacionadas, essa dimensão segue marginalizada no contexto do ensino superior, especialmente nas áreas de exatas.Com o objetivo de analisar os sentidos atribuídos pelos estudantes às experiências afetivas vividas nas disciplinas de matemática, a pesquisa adota uma abordagem qualitativa e utiliza a Análise do Discurso de orientação francesa, conforme proposta por Eni Orlandi. Os dados foram produzidos por meio de grupos focais com discentes regularmente matriculados, considerando critérios de diversidade e disponibilidade para participação. A análise organizou-se em cinco núcleos temáticos: relação com a matemática; ansiedade e autoestima acadêmica; sentimento de pertencimento; experiências com professores; e práticas pedagógicas. Os resultados indicam que experiências afetivas negativas , como medo, insegurança e desamparo comprometem a aprendizagem e a permanência. Por outro lado, relações marcadas por escuta, acolhimento e vínculo emocional favorecem o engajamento e ressignificam a relação com o saber matemático. Conclui-se que a afetividade é uma dimensão constitutiva da aprendizagem e que práticas pedagógicas sensíveis aos afetos dos estudantes podem romper com lógicas excludentes, contribuindo para um ensino de matemática mais humano, inclusivo e comprometido com a permanência e o pertencimento no ensino superior

Abstract: This dissertation investigates how affective relationships influence teaching and learning processes in the courses offered by the Department of Mathematics at the Federal University of Paraná (UFPR). The research problem stems from the recognition that, although affectivity and learning are intrinsically related, this dimension remains marginalized in higher education, especially in the fields of exact sciences. Aiming to analyze the meanings attributed by students to their affective experiences in mathematics courses, the study adopts a qualitative approach and draws on French Discourse Analysis, as proposed by Eni Orlandi. Data were produced through focus groups with regularly enrolled students, considering criteria of diversity and willingness to participate. The analysis was organized into five thematic categories: relationship with mathematics; academic anxiety and self-esteem; sense of belonging; experiences with professors; and pedagogical practices. The results indicate that negative affective experiences—such as fear, insecurity, and helplessness—compromise both learning and student retention. On the other hand, relationships marked by listening, care, and emotional connection foster engagement and enable the re-signification of the relationship with mathematical knowledge. It is concluded that affectivity is a constitutive dimension of learning and that pedagogical practices sensitive to students' emotions can challenge exclusionary logics, contributing to a more humanized, inclusive, and committed approach to mathematics education in higher education