Análise técnico-tática e desenvolvimento de teste incremental específico para atletas de kickboxing
Resumo
Resumo: O objetivo do presente estudo foi caracterizar a luta de kickboxing de elite (estudo 1) e desenvolver um protocolo específico para avaliação da potência aeróbia de atletas de kickboxing (estudo 2). No estudo 1, dezessete lutas da Glory World Series 2019 (17 primeiros rounds, 13 segundos rounds e 8 terceiros rounds) foram analisadas em vídeo para quantificar (1) o tempo gasto em atividades de alta e baixa intensidade e pausas, (2) o número e padrão de ataques e (3) o número de ataques efetivos. Os lutadores eram atletas profissionais do sexo masculino (idade 27,9 [2,7] anos) da categoria de peso médio (85 kg). O número e o padrão de ataques e o número de ataques efetivos foram comparados entre vencedores e perdedores. Os tempos médios gastos em atividades de alta e baixa intensidade e pausas foram 234,6 (133,9) segundos, 97,4 (60,1) segundos e 36,0 (19,9) segundos, respectivamente, resultando em uma relação esforço-pausa de ~1,8:1. Comparados com os perdedores, os vencedores apresentaram: (1) maior número de ataques no segundo round (P=.004) e na partida inteira (P =.009); (2) maior número de ataques contendo 3 ataques em sequência no segundo round (P = .001) e ataques contendo > 3 ataques no terceiro round (P = .049); e (3) maior número de ataques efetivos no segundo round (P = .011) e na partida inteira (P=.008). No estudo 2, 32 atletas (18 profissionais e 14 amadores) foram avaliados por um teste incremental específico em duas ocasiões diferentes. Cada sinal sonoro indicava o momento de executar 2 socos Qeb e direto), iniciando com 30 bipes por minuto (60 golpes), aumentando dois golpes por minuto a cada minuto de teste. O teste terminou quando houve: 1) parada voluntária do atleta avaliado (exaustão voluntária); 2) interrupção dos avaliadores, pois o atleta por mais de 3 sequências não conseguiu realizar os golpes no tempo determinado (entre um bipe e outro); 3) interrupção dos avaliadores, quando ficou nítido que os golpes estavam fracos e não efetivos. A análise de reprodutibilidade demonstrou que a diferença do teste 1 para o teste 2 não foi significativa para o tempo total de teste, FC inicial, FC final, % da FC max predita, e PSE inicial, com exceção da PSE final. Usando os dados do teste 1 como referência, os parâmetros obtidos no teste foram comparados entre atletas profissionais e amadores para testar a capacidade discriminante do teste. Comparando os resultados entre profissionais e amadores, foi identificada diferença significativa (p <0,001), com o tempo total de conclusão do teste sendo quase o dobro nos profissionais (947,5 295,5 s) do que nos amadores (425,0 - 150,8 s). A FC e a PSE aumentaram gradativamente no decorrer do teste, sendo a taxa de aumento mais lenta nos profissionais do que nos amadores. Os achados do estudo 1 indicam que o kickboxing K1 em lutas Glory apresenta uma relação esforço-pausa de ~1,8:1 e que os vencedores realizam mais ataques, ataques efetivos e ataques em sequência. Esses dados fornecem insights úteis para melhorar a especificidade do treinamento de atletas de kickboxing. Os achados do estudo 2 indicam que o teste proposto é reprodutivo e com evidências de validade de constructo (capacidade discriminatória); sendo assim, este protocolo pode oferecer uma ferramenta para avaliação da potência aeróbia de atletas (profissionais) e praticantes (amadores) de kickboxing Abstract: Kickboxing is a combat sport involving punches, kicks, and knees. The aim of the present study was to characterize elite kickboxing fighting (study 1), and subsequently develop a specific protocol to assess the aerobic power of kickboxing athletes (study 2). In study 1, seventeen fights from the 2019 Glory World Series (17 first rounds, 13 second rounds, and 8 third rounds) were video analyzed to quantify (1) the time expended in high- and low-intensity activity and pauses, (2) the number and pattern of attacks, and (3) the number of effective attacks. Fighters were professional male athletes (age 27.9 [2.7] y) of the middle-weight category (85 kg). The number and the pattern of attacks and the number of effective attacks were compared between winners and losers. The mean times expended in high- and low- intensity activity and pauses were 234.6 (133.9) seconds, 97.4 (60.1) seconds, and 36.0 (19.9) seconds, respectively, resulting in an effort-to-pause ratio of ~1.8:1. Compared with losers, winners presented (1) a greater number of attacks in the second round (P=.004) and entire match (P =.009), (2) a greater number of attacks containing 3 attacks in sequence in the second round (P = .001) and attacks containing >3 attacks in the third round (P = .049), and (3) a greater number of effective attacks in the second round (P = .011) and entire match (P=.008). In study 2, 32 athletes (18 professionals and 14 amateurs) were evaluated through a specific incremental test on two different occasions. Each beep indicated the moment to execute 2 punches (jeb and straight), starting with 30 beeps per minute (60 punches), increasing by two punches per minute for each minute of testing. The test ended when there was: 1) voluntary stop of the evaluated athlete (voluntary exhaustion); 2) interruption of the evaluators, because the athlete for more than 3 sequences was not able to execute the punches in the determined time (between one beep and the next); 3) interruption of the evaluators, when it became clear that the punches were weak and ineffective. The reproducibility analysis shows no differences between test 1 and test 2 for the total test time, initial HR, final HR, % of predicted HR max, and initial RPE, with the exception of the final RPE. Using the data from test 1 as reference, the parameters obtained in the test were compared between professional and amateur athletes to test construct validity. Comparing the results between professionals (947.5-295.5 s) and amateurs (425.0-150.8 s), a significant difference was identified (p <0.001), with the total time to complete the test being almost twice as long in professionals as in amateurs. HR and RPE increased gradually throughout the test, with the rate of increase being slower in professionals than in amateurs. The findings of study 1 indicate that K1 kickboxing in Glory matches presents an effort-to-pause ratio of ~1.8:1 and that winners perform more attacks, effective attacks, and attacks in sequence. This data provides useful insights to improve the specificity of training for kickboxing athletes. The findings of study 2 indicate that the proposed test is reproducible and has evidence of construct validity; therefore, this protocol can offer a tool for aerobic power evaluation of athletes (professionals) and practitioners (amateurs) of kickboxing.
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