Ocupe a rua! : correlações da disputa de ciclistas por espaço, em Curitiba, e as políticas de ciclomobilidade implantadas entre 2007 e 2020

Abstract

Resumo: A disputa de ciclistas, por espaço na cidade de Curitiba, reforça a contradição entre os títulos de cidade ecológica e da cidade com maior taxa de motorização do Brasil. Entre as capitais que mais oferece risco de óbito para ciclistas, pedalar em Curitiba é um ato de resistência. Nos últimos anos, as manifestações cicloativistas têm ocupado espaço no debate político e do planejamento urbano. Os conflitos são pautados por insurgências que questionam o privilégio assegurado aos automóveis pela cidade carrocêntrica. A partir da teoria crítica urbana, que entende a hegemonia do automóvel como parte da produção capitalista das cidades, esta pesquisa tem como objetivo traçar correlações entre a disputa de ciclistas pelo espaço na rua com políticas voltadas à ciclomobilidade implantadas, pela prefeitura de Curitiba, entre 2007 e 2020. Para tal, foram analisadas todas as postagens feitas nos blog Bicicletada Curitiba, site Cicloiguaçu e site Cicloativismo, no período. Dentre as quais foi escolhido o elemento "ciclofaixa" como eixo de análise transversal da disputa política e material de cicloativistas, resultando na seleção de quatro momentos/ciclofaixas. A começar por 2007, quando ciclistas foram detidos por pintar a primeira ciclofaixa de Curitiba, a Ciclofaixa Pirata. Seguidos das apropriações da agenda pelo poder público: na Ciclofaixa da Marechal Floriano (2011); Semi Ciclofaixa (2014); e a Ciclofaixa Temporária (2020). A análise dos quatro momentos/ciclofaixas demonstra que há uma correlação entre as manifestações de ciclistas com as políticas de ciclomobilidade na cidade, trazendo, desta forma, luz à relevância das manifestações sociais para a quebra do paradigma de urbanização, que reforça a hegemonia dos interesses privados acima do espaço como bem comum

Abstract: The cyclists' dispute for space in the city of Curitiba reinforces the contradiction between the epithets of ecological city and the city with the highest rate of motorization in Brazil. Being among the capitals with the highest risk of death for cyclists, riding a bike in Curitiba is an act of resistance. In recent years cycle activist demonstrations have occupied more room in the political and urban planning debate. These conflicts are interlined by insurgencies that put in question the privilege granted to automobiles by the car-centric city. Based on critical urban theory, which understands the hegemony of the automobile as part of the capitalist production of cities, this research aims to trace correlations between the cyclists’ struggle for space on the street and the policies aimed at cycling mobility implemented by the municipal government of Curitiba, from 2007 to 2020. To this end, all posts made on the Bicicletada Curitiba blog, the Cicloiguaçu website and the Cicloativismo website in this period were analyzed. From these, the element of the "bike lane" was chosen as the axis of crosssectional analysis of the cycle activists’ political and material dispute, resulting in the selection of four moments/bike lanes. Starting in 2007, when cycle activists were arrested for painting the first bike lane in Curitiba, the Pirata Bike Lane; followed by appropriations of the agenda by the public authorities: in the Marechal Floriano Bike Lane (2011); the Semi Bike Lane (2014); and the Temporary Bike Lane (2020). The analysis of these four moments/bike lanes demonstrates that there is a correlation between the manifestations of cyclists and the bicycle mobility policies in the city, thus bringing light to the relevance of social manifestations for breaking the paradigm of urbanization, which reinforces the hegemony of private interests over the idea of space as a common good