Prevalência e correlatos dos comportamentos de risco à saúde em adolescentes praticantes de esporte no contraturno escolar

Abstract

Resumo: A participação em atividades esportivas é importante para a saúde dos adolescentes, visto que nesta fase ocorrem diversas mudanças psicossociais e biológicas, onde a sensação de autonomia na tomada de decisões pode levá-los a aderir determinados comportamentos de risco à saúde. Objetivo: analisar a prevalência e correlatos dos comportamentos de risco à saúde em adolescentes praticantes de esporte no contraturno da rede pública de ensino de Curitiba/PR. Métodos: a amostra final foi composta por 1242 adolescentes, 803 meninos (64,7%) e 439 meninas (35,3%), matriculados no programa de Aulas Especializadas de Treinamento Esportivo, ofertado em contraturno escolar na rede pública de ensino de Curitiba/PR. Foram coletadas as medidas antropométricas de massa corporal, estatura e altura sentado. Para verificar o sexo, faixa etária, nível socioeconômico, características esportivas (tempo de treino, volume de treino semanal e tipo de esporte), nível de atividade física, e os comportamentos de risco à saúde (comportamento sedentário, hábitos alimentares, consumo de bebidas alcoólicas, de tabaco, de drogas ilícitas, comportamento sexual de risco, comportamento violento, quantidade e qualidade de sono) através de questionários autorreportados. Foi utilizada a regressão de Poisson com variância robusta para analisar a associação dos componentes sociodemográficos e das características esportivas com os comportamentos de risco à saúde, com nível de significância de p<0,05. Resultados: a maioria dos adolescentes apresentou tempo de treino de até 6 meses (46,5%, n=578), com até 180 minutos semanais, do esporte coletivo (86,2%, n=1070) e ativos fisicamente (67,8%, n=842). 24,9% (n=309) dos adolescentes foram classificados com elevado comportamento sedentário. 75,5% (n=938), 89,2% (n=1108), 82,1% (n=1020) e 87,4% (n=1086) com baixo consumo de frutas, de suco de fruta de salada e de vegetais, respectivamente. Somente 13,8% (n=171) e 7,7% (n=96) apresentaram consumo de bebidas alcoólicas leve e excessivo. Para o consumo de tabaco, maconha, drogas ilícitas, comportamento sexual de risco e violento, o percentual foi, respectivamente, 3,8% (n=47), 2,0% (n=25), 1,3% (n=16), 4,2% (n=52) e 24,3% (n=302). Em relação ao sono, 40,3% (n=501) apontaram uma quantidade inadequada e 78,9% (n=980) uma qualidade inadequada. Para as variáveis esportivas, os adolescentes com 181 minutos ou mais de volume de treino semanal exibiram probabilidade 39% maior (RP=1,39; IC=1,03-1,88) do consumo de bebidas alcoólicas (leve) quando comparados aos adolescentes com até 180 minutos por semana. O tempo de treino de 13 a 24 meses, evidenciou uma probabilidade 87% menor (RP=0,13; IC=0,04-0,48) quando comparado aos adolescentes com 25 meses ou mais para o comportamento sexual de risco. Aqueles do esporte coletivo reportaram probabilidade 10% menor (RP=0,90; IC=0,84-0,97) quando comparados a aqueles do esporte individual para a baixa qualidade de sono. Os adolescentes insuficientemente ativos apresentaram probabilidade 10%, 5%, 7% e 6% maior (RP=1,10; IC=1,03-1,17; RP=1,05; IC=1,01- 1,09; RP=1,07; IC=1,02-1,13; RP=1,06; IC=1,01-1,10) de terem baixo consumo de frutas, suco de fruta, salada e vegetais quando comparados aos adolescentes ativos, respectivamente. Conclusões: foi possível observar que os componentes sociodemográficos e esportivos podem interagir de diferentes formas com os comportamentos de risco à saúde avaliados, porém, a realização da prática esportiva com maior volume de treino semanal parece favorecer o consumo de bebidas alcoólicas, o menor tempo de treino favorece uma menor probabilidade para o comportamento sexual de risco e participar de esportes coletivos tende a apresentar 8 uma probabilidade menor para a baixa qualidade de sono em relação aos adolescentes dos esportes individuais

Abstract: Participation in sports activities is important for adolescents' health, as this stage involves various psychosocial and biological changes where the sense of autonomy in decision-making can lead them to adopt certain health-risk behaviors. Objective: to analyze the prevalence and correlates of health-risk behaviors in adolescents participating in sports outside school hours in the public school network of Curitiba/PR. Methods: the final sample consisted of 1242 adolescents, 803 boys (64,7%) and 439 girls (35,3%), enrolled in the Specialized Sports Training Classes program, offered outside school hours in the public school network of Curitiba/PR. Anthropometric measures of body mass, height, and sitting height were collected. Questionnaires were used to assess sex, age group, socioeconomic level, sports characteristics (training duration, weekly training volume, and type of sport), physical activity level, and healthrisk behaviors (sedentary behavior, eating habits, alcohol consumption, tobacco use, illicit drug use, risky sexual behavior, violent behavior, sleep quantity and quality). Poisson regression with robust variance was used to analyze the association of sociodemographic components and sports characteristics with health-risk behaviors, with a significance level of p<0.05. Results: most adolescents had training durations of up to 6 months (46,5%, n=578), with up to 180 minutes per week, engaged in team sports (86,2%, n=1070), and were physically active (67,8%, n=842). 24,9% (n=309) of the adolescents were classified with high sedentary behavior, 75,5% (n=938), 89,2% (n=1108), 82,1% (n=1020), and 87,4% (n=1086) with low consumption of fruits, fruit juice, salad, and vegetables, respectively. Only 13,8% (n=171) reported light alcohol consumption, and 7,7% (n=96) reported excessive consumption. The percentages for tobacco use, marijuana, illicit drugs, risky sexual behavior, and violent behavior were 3,8% (n=47), 2,0% (n=25), 1,3% (n=16), 4,2% (n=52), and 24,3% (n=302), respectively. Regarding sleep, 40,3% (n=501) reported inadequate quantity and 78,9% (n=980) inadequate quality. For sports variables, adolescents with 181 minutes or more of weekly training volume showed a 39% higher likelihood (OR=1,39; CI=1,03- 1,88) of light alcohol consumption compared to those with up to 180 minutes per week. Training durations of 13 to 24 months showed an 87% lower likelihood (OR=0,13; CI=0,04-0,48) of risky sexual behavior compared to adolescents with 25 months or more. Those in team sports reported a 10% lower likelihood (OR=0,90; CI=0,84-0,97) of poor sleep quality compared to those in individual sports. Insufficiently active adolescents had a 10%, 5%, 7%, and 6% higher likelihood (OR=1,10; CI=1,03-1,17; OR=1,05; CI=1,01-1,09; OR=1,07; CI=1,02-1,13; OR=1,06; CI=1,01-1,10) of low consumption of fruits, fruit juice, salad, and vegetables compared to active adolescents, respectively. Conclusions: it was possible to observe that sociodemographic and sports components can interact in different ways with the evaluated health-risk behaviors. However, engaging in sports with higher weekly training volume appears to favor alcohol consumption, shorter training duration favors a lower likelihood of risky sexual behavior, and participating in team sports tends to present a lower likelihood of poor sleep quality compared to adolescents in individual sports