"Que bonito é" : a experiência espaço-temporal midiatizada no futebol a partir de uma ontologia processual
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Data
2024Autor
Contani, André Ricardo do Rosário
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Resumo: E m anos recentes, acelerou-se a transição para interações humanas sem a necessidade de presença física, impulsionada pelo aparato tecnológico que tornou a midiatização, doravante chamada de midiatização profunda, uma condição dinâmica associada à digitalização, na relação emissor-receptor. N as organizações, a midiatização profunda redefine processos de trabalho e estratégias, com a exigência de adaptação e (re)alfabetização tecnológica. O futebol, para além de uma prática esportiva, é um universo sustentado por uma complexidade de interações sociais e materiais que explicam a relação entre organiging, mídia e sociedade, em diferentes contextos. Como fenômeno de midiatização profunda, enseja investigação sobre implicações teóricas e práticas da experiência temporal e espacial, dos eventos em ambientes organizacionais, especialmente sob o ponto de vista forte de processo. Partindo da base filosófica da ontologia processual, a midiatização pode ser compreendida como processo realizado por meio da articulação entre a mídia e os eventos sociais, visão potencializada quando se discutem as implicações da midiatização para o tempo e o espaço experimentado no futebol. A investigação, desta tese, envolveu entrevistas com profissionais de mídia e torcedores, na condição de protagonistas desse ambiente, assim como a consulta a documentos textuais e audiovisuais. Os dados foram analisados a partir de um raciocínio abdutivo que buscava a melhor explicação plausível para as relações estabelecidas, tendo-se a narrativa como recurso de acesso e de apresentação dos dados empíricos. A análise resultou em sete proposições, enunciadas a partir das respostas encontradas como implicações da midiatização profunda em um ambiente organizacional. Entre essas proposições, destacam-se a percepção de que quanto mais pervasivo o uso da tecnologia, menos sua presença é percebida, e a evidência de que o espaço experienciado, digitalmente, contém a mesma natureza do presencial. Observou-se que a midiatização profunda limita certos atributos de espaço, ao mesmo tempo em que amplifica os dados gerados sobre ele; esse fato sugere que a midiatização profunda não apenas reflete a realidade, mas também a redefine e a reconstrói. Outra evidência encontrada é de que a midiatização profunda não só auxilia a trazer a memória, no presente, de maneira preservada, mas também pode construir e atualizar memórias, modificando a recordação original. O que se argumenta, a partir dessas proposições, é que a midiatização profunda não é apenas um meio de ligação entre emissor e receptor de uma mensagem, mas ela própria acaba assumindo o papel de definir uma realidade. Considerando que, na construção da experiência do futebol, ao perder-se a referência do emissor, a midiatização torna-se um processo autônomo e influente, e o campo dos estudos organizacionais visto pelo mesmo prisma, obtém significativas percepções, ao admitir a midiatização profunda como um elemento central na análise e na gestão das organizações. A área de Comunicação também se beneficia do exame da midiatização profunda como fator que redefine a relação entre mídia, audiência e realidade, nas teorias e práticas. A contribuição pretendida, neste trabalho, é focalizar as possibilidades da ontologia processual, para lidar com a dinâmica e movimentos próprios do vir a ser do fenômeno organizativo diante do uso de tecnologias. Abstract: In recent years, the transition to human interactions without the need for physical presence has accelerated, driven by the technological apparatus that has made mediatization, henceforth called deep mediatization, a dynamic condition associated with digitalization in the sender-receiver relationship. In organizations, deep mediatization redefines work processes and strategies, with the requirement o f adaptation and technological (re)literacy. Soccer, in addition to being a sport, is a universe sustained by a complexity o f social and material interactions that explain the relationship between organizing, media and society, in different contexts. As a phenomenon o f deep mediatization, it gives rise to research on theoretical and practical implications o f the time-space experience o f events in organizational environments, especially from the strong process approach. Starting from the philosophical basis o f process ontology, mediatization can be understood as a process carried out through the articulation between the media and social events, a view that is enhanced when discussing the implications o f mediatization for the time and space experienced in soccer. The investigation o f this thesis involved interviews with media professionals and fans, as protagonists o f this environment, as well as the consultation o f textual and audiovisual documents. The data were analyzed based on an abductive reasoning that sought the best plausible explanation for the relationships established, with the narrative as a resource for accessing and presenting the empirical data. The analysis resulted in seven propositions out o f the answers found as implications o f deep mediatization in an organizational environment. Among these propositions, we highlight the perception that the more pervasive the use o f technology, the less its presence is perceived, and the evidence that the space experienced, digitally, contains the same nature as the face-to-face. It has been observed that deep mediatization limits certain attributes o f space while amplifying the data generated about it; This fact suggests that deep mediatization not only reflects reality, but also redefines and reconstructs it. Another evidence found is that deep mediatization not only helps to bring memory, in the present, in a preserved way but can also build and update memories, modifying the original recollection. What is argued, based on these propositions, is that deep mediatization is not only a means o f connection between sender and receiver o f a message, but itself ends up assuming the role o f defining a reality. Considering that, in the construction o f the football experience, when the reference o f the broadcaster is lost, mediatization becomes an autonomous and influential process, and the field o f organization studies seen through the same prism, obtains significant perceptions, by admitting deep mediatization as a central element in the analysis and management o f organizations. The area o f Communication also benefits from the examination o f deep mediatization as a factor that redefines the relationship between media, audience, and reality, in theories and practices. The intended contribution o f this work is to focus on the possibilities o f process ontology, to deal with the dynamics and movements o f the becoming o f the organizational phenomenon in the face o f the use o f technologies.
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