Avaliação de intervenções farmacológicas e não farmacológicas na doença de Huntington : revisão sistemática de meta-análises
Resumo
Resumo: A doença de Huntington é uma condição neurodegenerativa genética que se manifesta por uma variedade de sintomas físicos, cognitivos e psicológicos. Atualmente não há cura para a doença, de modo que o foco do tratamento é o manejo dos sintomas. Diversas abordagens terapêuticas têm sido pesquisadas para aumentar segurança, eficácia e efetividade do tratamento, contudo, há uma variedade de desfechos reportados. Neste contexto, esse trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia e a segurança dos tratamentos farmacológicos e não farmacológicos na doença de Huntington e analisar os principais desfechos reportados. Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática de revisões sistemáticas com meta-análise, de acordo com as diretrizes do Instituto Joanna Briggs, que avaliaram as intervenções farmacológicas ou não farmacológicas para o manejo da doença de Huntington.??As buscas eletrônicas foram realizadas nas bases Pubmed, Web of Science e Scopus, última atualização em dezembro de 2023.??Os dados extraídos contemplaram características gerais dos estudos incluídos nas revisões sistemáticas com meta-análises incluindo características da população, intervenções, comparadores, desfechos e resultados qualitativos e estatísticos; estes últimos extraídos em valores de diferença média, odds ratio ou risco relativo. Para avaliação da qualidade metodológica das revisões sistemáticas incluídas foi utilizada a ferramenta AMSTAR-2. Por meio das buscas eletrônicas foram identificados 261 artigos, dos quais 10 foram incluídos para síntese. Entre os estudos incluídos foram identificados 23 desfechos clínicos relativos à eficácia e à segurança, sendo os mais reportados a Escala Unificada de Avaliação da Doença de Huntington (UHDRS), para eficácia, e presença de coreia e depressão para avaliação da segurança. Ao todo, foram reportadas seis intervenções farmacológicas (pridopidina, riluzol, PBT2 (ionóforo de zinco), latrepirdina, ácido etil-eicosapentaenoico e derivados canabinoides), e uma não farmacológica (exercícios físicos variados). Dentre as intervenções farmacológicas, a com resultado mais promissor foi a suplementação com ácidos graxos, mostrando-se potencialmente segura e eficaz. Além disso, a pridopidina mostrou um potencial para o manejo sintomatológico, apresentando resultados significativos, mas não expressivos. As intervenções baseadas em exercícios físicos não apresentaram melhoras expressivas nas escalas avaliadas (UHDRS [Cognição] e HRQoL [Qualidade de Vida Relacionada à Saúde]), contudo, pela ausência de eventos adversos, foram associadas a um menor risco à saúde aos pacientes. Entretanto, são necessárias maiores investigações para a possível inclusão destas intervenções em protocolos clínicos para tratamento da doença de Huntington. A análise dos estudos pelo AMSTAR-2 revelou que 30% possuem qualidade metodológica criticamente baixa, 30% baixa, 10% moderada e 30% alta, evidenciando a necessidade de cautela na interpretação dos resultados de alguns estudos de síntese de evidências. Apesar do pequeno número de estudos incluídos, os resultados relativos à eficácia e à segurança demonstraram que não houve melhoras expressivas com as intervenções avaliadas. Ademais, os resultados obtidos neste estudo podem orientar o desenvolvimento de pesquisas futuras direcionadas à doença de Huntington. Abstract: Huntington's disease is a genetic neurodegenerative condition that manifests through a variety of physical, cognitive, and psychological symptoms. Currently, there is no cure for the disease, so the focus of treatment is symptom management. Various therapeutic approaches have been researched to enhance the safety, efficacy, and effectiveness of treatment; however, there is a variety of reported outcomes. In this context, this study aimed to evaluate the efficacy and safety of pharmacological and non-pharmacological treatments in Huntington's disease and analyze the main reported outcomes. To do so, a systematic review of systematic reviews with meta-analysis was conducted, following the guidelines of the Joanna Briggs Institute, which evaluated pharmacological or nonpharmacological interventions for managing Huntington's disease. Electronic searches were conducted in the Pubmed, Web of Science, and Scopus databases, last updated in December 2023. The extracted data included general characteristics of the studies included in the systematic reviews with metaanalyses, including population characteristics, interventions, comparators, outcomes, and qualitative and statistical results; the latter extracted in terms of mean difference values, odds ratios, or relative risks. The AMSTAR-2 tool was used to assess the methodological quality of the included systematic reviews. Through electronic searches, 261 articles were identified, of which 10 were included for synthesis. Among the included studies, 23 clinical outcomes related to efficacy and safety were identified, with the most reported being the Unified Huntington's Disease Rating Scale (UHDRS) for efficacy, and the presence of chorea and depression for safety assessment. In total, six pharmacological interventions (pridopidine, riluzole, PBT2 (zinc ionophore), latrepirdine, ethyleicosapentaenoic acid, and cannabinoid derivatives), and one nonpharmacological intervention (varied physical exercises) were reported. Among the pharmacological interventions, supplementation with fatty acids showed the most promising results, being potentially safe and effective. In addition, pridopidine showed potential for symptomatic management, with significant but not substantial results. Physical exercise-based interventions did not show significant improvements in the evaluated scales (UHDRS [Cognition] and HRQoL [Health-Related Quality of Life]), however, due to the absence of adverse events, they were associated with lower health risks for patients. However, further investigations are needed for the possible inclusion of these interventions in clinical protocols for Huntington's disease treatment. The analysis of studies by AMSTAR-2 revealed that 30% had critically low methodological quality, 30% low, 10% moderate, and 30% high, highlighting the need for caution in interpreting the results of some evidence synthesis studies. Despite the small number of included studies, the results regarding efficacy and safety showed that there were no significant improvements with the evaluated interventions. Furthermore, the results obtained in this study can guide the development of future research focused on Huntington's disease.
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