dc.description.abstract | A partir de trabalho de campo junto
à Comunidade Quilombola Manoel Ciriaco dos
Santos, localizada em Guaíra/PR, abordo questões
relativas à perspectiva nativa acerca do
primeiro relatório antropológico produzido no
local. Neste relatório, o antropólogo afirma que
não se tratava de um grupo quilombola, apenas
de uma família de negros moradores da zona
rural, contrariando a auto-declaração do grupo.
No âmbito da discussão sobre a história
do grupo, o argumento é estabelecido de modo
consonante com a visão dos proprietários vizinhos,
descendentes de italianos e alemães
que formam o bairro rural denominado “Maracaju
dos Gaúchos”. A falta de permanência
em campo, bem como do estabelecimento de
vínculo e de confiança entre o grupo e a equipe
de pesquisa da UNIOESTE (Universidade do
Oeste do Paraná) – contratada via convênio
pelo INCRA (Instituto de Colonização e Reforma
Agrária) –, aparecem nas falas nativas
como importante crítica a uma certa forma de
fazer antropológico que encara o laudo como
atestado de identidade. As reflexões sobre o
contexto de pesquisa, os conflitos gerados, o
posicionamento defendido pelo antropólogo
no laudo e as consequências vivenciadas pelo
grupo diante de todo este processo são importantes
temas problematizados pelas lideranças
locais, sobre os quais pretendo refletir
neste trabalho. | |