JURERÊ INTERNACIONAL: ESPAÇOS PÚBLICOS, INICIATIVA PRIVADA¹
Resumo
Esta proposta de comunicação tem
por objetivo identificar as ambiguidades, conflitos,
tensões e contradições contidas nos
próprios valores, diversificados, do que seja
estar em Jurerê Internacional, localizado na
cidade de Florianópolis, Santa Catarina. O espaço
se apresenta como uma confluência de
variadas concepções, compartilhadas ou não
pelos segmentos das elites que ajudaram a
constituir o lugar tal qual como é visto hoje:
um empreendimento imobiliário planejado e
executado por uma empresa privada de loteamento
de espaço e voltado para moradia e
lazer de segmentos mais abastados da população.
Nesse contexto é possível observar que
coexistem duas diferentes práticas: a dos moradores
fixos, em geral famílias, à procura de
sossego e tranquilidade, e dos jovens, oriundos
de várias partes do Brasil e do mundo, que procuram
Jurerê Internacional atraídos por suas
badaladas e luxuosas festas que acontecem
nos beach clubs à beira-mar e têm grande repercussão
na mídia mundial. Enquanto alguns
residentes, organizados através da associação
de moradores, enunciam um processo
indesejável e disruptivo que tem se agravado
no bairro, em decorrência das festas, os gestores
da loteadora elucidam a continuidade do
empreendimento em conformidade com a sua
concepção original. A pretensão dessa comunicação
é captar os conflitos entre associação
de moradores, loteadora do espaço e poder
público, pois, se idealmente a fronteira entre
as atribuições e ações do Estado e de agentes
privados é nítida e estável, as duas esferas se
imbricam em vários momentos, o que produz
um espaço de autonomia tanto para loteadora
quanto para associação, que passam a produzir
normatizações próprias.