A trajetória de vida de dois educadores sociais : caminhos para a (RE) construção da identidade profissional

Abstract

Resumo : A presente investigação tem como problemática discutir como o/a educador/a social (re)constrói sua identidade pessoal e profissional ao longo de sua trajetória de vida? Investigar a trajetória de vida e a formação que ocorrem em processos informais e as histórias de vida de educadores/as sociais foram essenciais para ressignificar o trabalho realizado com crianças, adolescentes e famílias em vulnerabilidade social, bem como suscitar a relevância e importância deste trabalho social. Esse foco orienta os objetivos desta investigação: 1) Identificar motivações que levaram o/a educador/a social escolher esta profissão; 2) Identificar os processos de formação/autoformação na prática desses profissionais; 3) Identificar e discutir suas perspectivas em relação a esta profissão. A abordagem metodológica da investigação é qualitativa (LUDKE; ANDRÉ, 1986) tendo como interlocutor a teoria da complexidade (MORIN, 2011). Nesta investigação a ênfase é a metodologia autobiográfica (SOUZA, 2007; JOSSO, 1988, 2007, 2012; DOMINICÉ, 1988; PUYANA; BARRETO, s/d). A metodologia de investigação fundamenta-se nos seguintes procedimentos: 1) revisão de literatura; 2) os sujeitos e seus espaços de atuação, sendo uma educadora social e um educador social que trabalham com crianças, adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade social, com formação de nível médio e/ou ensino superior; 3) os instrumentos da investigação, sendo a entrevista semiestruturada de cunho exploratório (LUDKE; ANDRÉ, 1986; SZYMANSKI, 2008); 4) a apresentação e discussão dos resultados. Neste trabalho desenvolvemos o tratamento dos dados buscando uma aproximação conceitual da análise compreensiva (PRETTO, 2011), que identifica dimensões e mecanismos que tenham influenciado as experiências do sujeito, considerando seu contexto histórico e social. A aproximação da análise compreensiva das entrevistas permitiu encontrar as seguintes dimensões: 1) as motivações que levaram os educadores a escolher e atuar nesta profissão e suas relações com a família, a comunidade, a instituição de trabalho, a cultura e as redes de proteção; 2) os processos de formação e autoformação na prática destes profissionais, marcada pelas dimensões das experiências nos espaços de atuação, pela singularidade e coletividade, pelas condições de trabalho do/da educador/a que interferem na prática formativa, apontando para a dimensão da autorreflexão e autoconsciência como prática e possibilidade formativa; 3) as perspectivas do/da educador/a social em relação a sua profissão revelam, a partir de seus relatos, percepções de insegurança, angústia e medo, e ao mesmo tempo afetividade, volição e amorosidade. A aproximação conceitual da análise compreensiva das duas entrevistas permite inferir que a identidade pessoal e profissional é marcada por um tempo e um espaço, que se modificam a cada geração, e que os/as educadores/as sociais reconstroem as suas identidades à medida que se sentem ou não pertencentes, negando certa identidade e/ou negociando no interior das relações outras identidades. A profissão do educador/a social no Brasil precisa de uma formação básica e continuada adequada às necessidades do trabalho socioeducativo, bem como de condições de trabalho favoráveis à construção de práticas reflexivas em seus ambientes de atuação.

Abstract : The present research has as problematic to discuss how the social educator (re) builds his personal and professional identity throughout his life trajectory? Investigating the life trajectory and training that occur in informal processes and the life histories of social educators were essential to re-signify the work done with children, adolescents and families in social vulnerability, as well as to raise the relevance and importance of this social work. This focus guides the objectives of this research: 1) Identify motivations that led the social educator to choose this profession; 2) To identify the processes of formation/self-training in the practice of these professionals; 3) Identify and discuss your perspectives regarding this profession. The methodological approach of the research is qualitative (LUDKE; ANDRÉ, 1986), having as interlocutor the theory of complexity (MORIN, 2011). In this research the emphasis is on the autobiographical methodology (SOUZA, 2007; JOSSO, 1988, 2007, 2012; DOMINICÉ, 1988; PUYANA; BARRETO, s/d). The research methodology is based on the following procedures: 1) literature review; 2) the subjects and their spaces of action, being a social educator and a social educator working with children, adolescents and families in a situation of social vulnerability, with a secondary education and/or higher education; 3) the research tools, the semistructured interview being an exploratory one (LUDKE; ANDRÉ, 1986; SZYMANSKI, 2008); 4) presentation and discussion of results. In this work we develop the data treatment seeking a conceptual approximation of the comprehensive analysis (PRETTO, 2011), which identifies dimensions and mechanisms that have influenced the experiences of the subject, considering their historical and social context. The approximation of the comprehensive analysis of interviews allowed us to find the following dimensions: 1) the motivations that led educators to choose and act in this profession and their relationships with family, community, work institution, culture and protection networks; 2) the processes of formation and self-training in the practice of these professionals, marked by the dimensions of the experiences in the spaces of action, by the singularity and collectivity, by the working conditions of the educator that interfere in the formative practice, pointing to the dimension of self-reflection and self-awareness as practice and formative possibility; 3) the perspectives of the social educator in relation to their profession reveal, from their reports, perceptions of insecurity, anguish and fear, and at the same time affectivity, volition and amorousness. The conceptual approach of the comprehensive analysis of the two interviews allows us to infer that personal and professional identity is marked by a time and a space, which changes with each generation, and that social educator reconstruct their identities as they feel or not, denying a certain identity and/or negotiating within the relationships other identities. The profession of the social educator in Brazil needs a basic and continuous training adequate to the needs of the socio-educational work, as well as working conditions favorable to the construction of reflective practices in its working environments.