Atributos funcionais de frutos, sementes e plântulas de espécies da Floresta Ombrófila Mista Aluvial do Paraná

Abstract

Resumo : A Floresta Ombrófila Mista Aluvial se desenvolve nas planícies aluviais, onde a altura do lençol freático condiciona a hidromorfia no solo e consequentemente resulta em comunidades florestais com diferentes graus de desenvolvimento. O estudo dos atributos funcionais permite interpretar os processos ecológicos relacionados a uma comunidade vegetal. O objetivo do estudo foi avaliar a riqueza florística arbórea da Floresta Ombrófila Mista Aluvial no Paraná e caracterizá-la quanto aos atributos funcionais de suas espécies. A partir do levantamento de estudos de caracterização florística e estrutural desenvolvidos em comunidades de FOM Aluvial, distribuídos nos três planaltos paranaenses, foi compilada uma lista de espécies arbóreas de 15 comunidades, utilizando como critério de inclusão DAP mínimo de 3 cm. As espécies foram caracterizadas quanto a atributos funcionais de frutos (consistência, deiscência e dispersão), sementes (dormência e tolerância à dessecação) e plântulas (tipo morfofuncional), e quanto a comportamentos ecológicos (grupo sucessional e adaptação hídrica), com base em dados disponíveis em 118 publicações científicas e no apoio da experiência prática dos pesquisadores da equipe. Para avaliar a composição funcional foi realizado o cálculo do percentual de ocorrência de espécies com cada atributo nas diferentes comunidades. Desse modo, análises de agrupamento e de componentes principais foram conduzidas utilizando um total de 18 variáveis. Para analisar a similaridade florística, as espécies foram classificadas como presentes ou ausentes nos levantamentos. Constatou-se que em comunidades de Floresta Ombrófila Mista Aluvial no Paraná sobre Gleissolos e Neossolos Flúvicos ocorrem 138 espécies arbóreas pertencentes a 42 famílias botânicas, com destaque para Myrtaceae, Fabaceae e Lauraceae, com 21%, 11% e 9% das espécies. Nestas florestas predominam espécies com frutos carnosos (64%), indeiscentes (74%) e com síndrome de dispersão zoocórica (78%). Ainda, 12% das espécies apresentam fruto seco, indeiscente e com dispersão zoocórica, pois possuem sementes cobertas por sarcotesta ou arilo carnoso, como estratégia para atrair a fauna. As sementes de 59% das espécies não apresentam dormência, e 61% são sensíveis a desidratação, evidenciando a dependência da comunidade em manter um banco de plântulas. Quanto aos aspectos ecológicos são predominantes espécies não pioneiras (60%) e mesófilas (56%), embora espécies higrófilas e de maior plasticidade tenham ocorrido também com considerável representatividade. Na tipologia avaliada, 62% das espécies apresentam plântulas do tipo Fanero-EpígeaFoliáceo, 25% têm plântulas do tipo Cripto-Hipógea-Reserva, 8% têm plântulas do tipo Fanero-Epígea-Reserva e 5% têm plântulas do tipo Fanero-Hipógea-Reserva. Esses percentuais são semelhantes a resultados encontrados em outras tipologias, e sugerem uma certa tendência ou padrão da distribuição dos tipos morfofuncionais em diferentes ecossistemas. Por meio das análises multivariadas foi possível observar que a classe de solo influencia na composição dos atributos funcionais das espécies, e que a combinação de diferentes espécies pode resultar em padrões funcionais semelhantes entre comunidades

Abstract : The Alluvial Mixed Ombrophylous Forest develops in the alluvial plains, where the height of the water table conditions the hydromorphy in the soil and consequently results in forest communities with different degrees of development. The study of functional attributes allows us to interpret the ecological processes related to a plant community. The objective of this study was to evaluate the floristic richness of the Alluvial Mixed Ombrophylous Forest in Paraná and to characterize it according to the functional attributes of its species. From the survey of floristic and structural characterization studies developed in Alluvial Mixed Ombrophylous Forest communities, distributed in the three plateaus of Paraná, a list of tree species from 15 communities was compiled, using as inclusion criteria minimum DBH of 3 cm. The species were characterized in terms of functional attributes of fruits (consistency, dehiscence, and dispersion), seeds (dormancy and tolerance to desiccation), and seedlings (morphofunctional type), and for ecological behavior (successional group and water adaptation), based on data available in 118 scientific publications and on the support of the practical experience of the team's researchers. To evaluate the functional composition of the communities, the species were categorized, and the percentage of occurrence of species in each attribute in the different communities was calculated. Thus, cluster and principal component analyses were conducted using a total of 18 variables. To analyze floristic similarity, species were classified as present or absent in each survey. It was found that 138 tree species belonging to 42 botanical families occurs in Alluvial Mixed Ombrophylous Forest communities in Paraná over Gleissols and Fluvic Neosols, with Myrtaceae, Fabaceae, and Lauraceae standing out, with 21%, 11%, and 9% of the species. In these forests species with fleshy fruits (64%), indehiscent (74%) and with zoochoric dispersion syndrome (78%) predominate. Also, 12% of the species have dry, indehiscent fruit and with zoochoric dispersion, because they have seeds covered with sarcotestis or fleshy aril as a strategy to attract fauna. The seeds of 59% of the species have no dormancy, and 61% are sensitive to dehydration, evidencing the community's dependence on maintaining a seedling bank. As for the ecological aspects, non-pioneer (60%) and mesophilic (56%) species are predominant, although hygrophilous and more plastic species also occurred with considerable representation. In the evaluated typology, 62% of the species have Phanero-Epigea-Foliaceous seedlings, 25% have Crypto-Hypogea-Reserve seedlings, 8% have Phanero-Epigea-Reserve seedlings, and 5% have PhaneroHypogea-Reserve seedlings. These percentages are similar to results found in other typologies, and suggest a certain tendency or pattern of the distribution of morphofunctional types in different ecosystems. Through the multivariate analyses it was possible to observe that the soil class influences the composition of the functional attributes of the species, and that the combination of different species can result in similar functional patterns between communities.