Parasitismo gastrintestinal em equinos no Brasil : avaliação, riscos e práticas de controle

Abstract

Resumo: O rebanho equino do Brasil desempenha um papel crucial no cenário agropecuário, representando uma diversidade de raças e aptidões por todo o país. No entanto, o parasitismo gastrintestinal é uma preocupação constante, comprometendo a saúde dos equinos, especialmente diante das variadas condições climáticas e da extensa geografia brasileira. Este estudo aborda a análise do parasitismo gastrintestinal em equinos no Brasil, fatores de risco associados e as práticas de manejo antiparasitário adotadas por médicos veterinários de equinos. Composto por quatro estudos, a pesquisa inicial foi um estudo retrospectivo, onde foram analisadas 19.276 amostras de fezes de cavalos provenientes de 153 propriedades de 9 estados brasileiros ao longo de 12 anos, analisadas pelo Laboratório de Parasitologia da Universidade Federal do Paraná. A prevalência geral de 73,3% de nematódeos foi identificada, e fatores como clima, raça, idade e estações do ano foram avaliados. Uma revisão sistemática analisou 124 manuscritos para identificar a ocorrência de parasitos gastrintestinais no Brasil. Helmintos, protozoários e dípteros foram identificados, com prevalências variando de 50,5% a 96,4% em exames de OPG. Os valores de OPG variaram de 0 a 15600. O quarto estudo, por meio de um questionário, revelou que a ivermectina é o principal anti-helmíntico escolhido por veterinários, com a frequência de administração baseada em tratamentos sistemáticos pré-fixados. Além disso, 54% dos veterinários optam pela alternância de classes químicas, enquanto 27% consideram testes de eficácia na prescrição. A pesquisa também abordou a percepção dos veterinários sobre a obrigatoriedade de receita veterinária para a venda de vermífugos, com 94% apoiando essa medida como um recurso para controlar a resistência aos anti-helmínticos. A proposta de regulamentação para a venda de antiparasitários surge como uma alternativa para reduzir o uso indiscriminado de vermífugos, permitindo uma atuação mais efetiva dos médicos veterinários no controle sanitário dos cavalos no Brasil. O último estudo investigou a correlação entre a contagem de ovos nas fezes (OPG) e indicadores comportamentais de bem-estar em 90 cavalos puro sangue inglês. Embora não tenha identificado correlação entre as variáveis, ressaltou a importância de práticas adequadas de nutrição e manejo sanitário para a saúde e o bem-estar equino.

Abstract: The Brazilian equine herd plays an important role on the agricultural scene, representing a diversity of breeds and abilities throughout the country. However, gastrointestinal parasitism is a constant concern, compromising equine health, especially given the varied climatic conditions and the extensive geography of Brazil. This study addresses the analysis of gastrointestinal parasitism in horses in Brazil, associated risk factors and the anti-parasitic management practices adopted by equine veterinarians. Consisting of four studies, the initial research was a retrospective study in which 19,276 samples of horse feces from 153 properties in 9 Brazilian states were analyzed over 12 years by the Parasitology Laboratory at the Federal University of Paraná. A general prevalence of 73.3% of nematodes was identified, and factors such as climate, breed, age and seasons were evaluated. A systematic review analyzed 124 manuscripts to identify the occurrence of gastrointestinal parasites in Brazil. Helminths, protozoa and dipterans were identified, with prevalence ranging from 50.5% to 96.4% in EPG examinations. EPG values ranged from 0 to 15600. The fourth study, using a questionnaire, revealed that ivermectin is the main anthelmintic chosen by veterinarians, with the frequency of administration based on pre-set systematic treatments. In addition, 54% of veterinarians opt for alternating chemical classes, while 27% consider efficacy tests when prescribing. The survey also looked at veterinarians' perceptions of the requirement for a veterinary prescription for the sale of anthelmintics, with 94% supporting this measure as a resource for controlling anthelmintic resistance. The proposal to regulate the sale of antiparasitic drugs appears to be an alternative to reduce the indiscriminate use of anthelmintics, allowing veterinarians to act more effectively in the health control of horses in Brazil. The last study investigated the correlation between egg counts in feces (EPG) and behavioral indicators of well-being in 90 English thoroughbred horses. Although it did not identify a correlation between the variables, it highlighted the importance of proper nutrition and sanitary management practices for equine health and well-being.