Primeira Conferência Nacional de Educação : intelectuais educação e modernidade (Curitiba - 1927)

Abstract

Resumo : O presente trabalho busca analisar os debates realizados na Primeira Conferência Nacional de Educação (I CNE), que foi sediada em Curitiba no ano de 1927. O propósito da pesquisa é entender o discurso educacional veiculado na I CNE e a sua relação com o que estava sendo discutido no cenário educacional brasileiro dos anos de 1920. Para esse fim, foram utilizados como fontes a ata e as teses da referida conferência, além da historiografia que contempla a temática abordada. A I CNE foi promovida pela Associação Brasileira de Educação (ABE), em conjunto com inspetoria Geral da Instrução Pública do Paraná. Nesta foram debatidas 113 teses, tendo como foco principal a organização nacional do ensino primário. Para melhor compreensão da I CNE buscou-se refletir sobre as concepções presentes no evento acerca da educação e do contexto político em que o Brasil se encontrava no período estudado. Na década de 1920, em um cenário marcado pela crescente urbanização e pelo crescimento dos índices de industrialização, criou-se um contexto favorável à ideia da reconstrução social pela via dos investimentos em educação. Neste cenário, em outubro de 1924, um grupo de intelectuais formados por médicos, advogados, engenheiros e professores, fundou a Associação Brasileira de Educação (ABE). A ABE desempenhou papel de aglutinadora das elites intelectuais, interessadas nos debates sobre concepções e, sobretudo, reformas educacionais. Estes grupos, ainda que pertencentes a diferentes filiações ideológicas, traçaram um conjunto de ações que confluíam para um objetivo comum: a modernização social e educacional do país. Na CNE participaram representantes de 16 Estados brasileiros, além do Distrito Federal. Quatro teses foram apresentadas pela direção da ABE e estas foram consideradas as balizas principais do evento, tendo como focos: a unidade nacional pela cultura literária, pela cultura cívica, pela cultura moral; a unificação do ensino primário; a criação das Escolas Normais Superiores; a organização dos quadros nacionais, cooperações de aperfeiçoamento técnico, científico e literário. Nas conclusões deste estudo percebemos que as propostas educacionais discutidas e apresentadas pela ABE não se restringiam apenas à educação escolar, elas incluíam também estratégias de organização de várias práticas educacionais que, por meio das CNEs e do engajamento desses intelectuais, visaram à mobilização da sociedade, bem como a indução de políticas públicas para a modernização do país.