Saberes do quilombo São Pedro sobre plantas medicinais para o ensino de botânica em uma educação antirracista
Resumo
Resumo: Os conteúdos abordados a partir do conteúdo estruturante Seres Vivos, que inclui Organização e classificação dos seres vivos, são abordados na Educação Básica na perspectiva hegemônica do Norte Global. Não que os outros conteúdos da biologia estejam livres dessa perspectiva. Entretanto, é possível mostrar que os seres humanos organizaram, classificaram e sistematizaram as plantas e animais para além da classificação de Lineu. É como se os outros povos: indígenas, africanos, asiáticos não tivessem desenvolvido sistemas de classificação tão ou mais complexos que o modelo ocidental tem perpetuado. O objetivo deste estudo foi pesquisar as ervas medicinais existentes no quilombo São Pedro e construir uma proposta para ensinar botânica a partir dos saberes dos moradores da comunidade. Foram elencados os seguintes objetivos específicos a) Identificar os conhecimentos dos moradores da comunidade em relação ao uso das ervas medicinais, b) Sistematizar as informações obtidas com a pesquisa de campo e bibliográfica no formato de uma proposta de ensino de botânica e etnobotânica para a Educação Básica numa perspectiva antirracista e c) Propor atividades para o ensino de botânica na Educação Básica considerando os conhecimentos inscritos em territórios quilombolas. A pesquisa de natureza qualitativa e descritiva, foi realizada no Quilombo São Pedro. Para obter os dados sobre as plantas medicinais a pesquisadora solicitou a autorização da comunidade para fazer a pesquisa durante uma assembleia da associação, cinco pessoas aceitaram participar da pesquisa. No que se refere a proposta de ensino para abordar os Seres Vivos a partir de uma perspectiva antirracista e afrocentrada concluímos que além de trazer a perspectiva da botânica ocidental, inclusive montando um herbário didático com as plantas existentes no quilombo, é possível apontar as contribuições dos povos africanos que só sobreviveram por mais de três séculos de escravização, por conhecerem e classificarem as plantas, inclusive introduzindo no Brasil as plantas que usavam com medicinais e ritualísticas.