Levantamento de dados de mamíferos de médio e grande porte atropelados no bioma Mata Atlântica nos últimos 20 anos
Resumo
Resumo : A Mata Atlântica é considerada um dos biomas de maior biodiversidade do mundo. Apesar de possuir apenas 12,4% de sua cobertura original, a região é rica em espécies endêmicas e isso a classifica como um dos hotspots mundiais de conservação. Por estar localizada em um polo de atividades econômicas e na região de maior aglomeração populacional do país, a costa brasileira, o bioma é cortado por milhares de rodovias que interligam os estados permitindo o transporte de pessoas e mercadorias. Entretanto, a construção de estradas e o fluxo de veículos próximos a unidades de conservação, resultam em diversos impactos ambientais como a fragmentação de habitats, efeito de borda, efeito de barreira, alteração no comportamento da fauna, contaminação dos regimes hídricos, erosão e carreamento de sedimentos, isolamento geográfico, afugentamento de fauna, descarte de resíduos de origem antrópica de forma inadequada, dispersão de espécies exóticas e perda de fauna por atropelamento. Segundo estimativas realizadas pelo Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas, são atropelados anualmente no Brasil cerca de 475 milhões de animais silvestres, no qual aproximadamente 45 milhões destes são mamíferos de médio e grande porte. Diante desta problemática, os estudos em Ecologia de Estradas cresceram muito nos últimos 20 anos no Brasil, com o objetivo de monitorar rodovias e sugerir medidas de mitigação ao identificar pontos críticos e espécies mais atingidas. Todavia, as pesquisas nesta área ainda são bastante pontuais, temporais e escassas, ocasionando um enorme distanciamento da problemática da população e do governo e uma descontinuidade quanto ao seu acompanhamento. Assim, este trabalho procurou realizar um levantamento de dados sobre monitoramento de fauna em rodovias que transpassem pelo bioma da Mata Atlântica, através da compilação de dados presentes na literatura, para obter um panorama geral dos atropelamentos de mastofauna de médio e grande porte. O esforço amostral total foi de 449.305,52km percorridos ao longo do bioma, contabilizando 11.625 mamíferos atropelados em coletas realizadas entre 1999 a 2016. Os mamíferos levantados se distribuíram em nove ordens, 23 famílias, 34 gêneros e 54 espécies. O gênero que obteve a maior quantidade de atropelamentos foi Didelphis sp., com 27,4%, a ordem crescente em porcentagem das espécies atropeladas no bioma Mata Atlântica foram o gambá (Didelphis albiventris (16%)), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous (15,8%)), tatugalinha (Dasypus novemcinticus (9,4%)), onde juntas totalizaram mais de 40% dos óbitos. Foram registrados 790 animais presentes nas listas de ameaças da IUCN e do livro vermelho, sendo os mais atropelados a raposa-do-campo (Lycalopex vetulus) com 225, seguido do tamanduá-bandeira com 187, lobo-guará e tapiti, com 106 e 90, respectivamente. Os resultados demonstram grande impacto na perda da mastofauna da Mata Atlântica e a necessidade de medidas de mitigação e educação ambiental imediatas
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