Construção de estradas e a metacomunidade de macroinvertebrados bentônicos de rios
Resumo
Resumo : Empreendimentos rodoviários são potencialmente poluidores e podem causar alterações na biota e em processos que moldam os ecossistemas aquáticos. Para aumentar a eficiência de detecção de impactos, além das análises físico- químicas e bacteriológicas são utilizados indicadores biológicos. Os macroinvertebrados bentônicos apresentam várias características que os tornam bons indicadores da qualidade do ambiente, sendo os mais utilizados em programas de monitoramento. Nesse contexto o presente trabalho teve o objetivo de analisar o impacto da construção de uma rodovia na estruturação das metacomunidades da macrofauna bentônica em três rios: Carinhanha, Cocos e Itaguari, todos pertencentes à Bacia Hidrográfica de São Francisco, no estado da Bahia. Os dados foram fornecidos pelo Instituto de Transportes e Infraestrutura (ITTI/UFPR), que realiza a gestão ambiental de um trecho do empreendimento. As amostras foram coletadas semestralmente (dez./2016-jul./2019), através da metodologia kick- sampling, 100 m acima (montante) e 100 m abaixo (jusante) da ponte, em triplicatas e com duração de quatro dias por ponto amostral, totalizando 12 amostras independentes em cada local. De acordo com o esperado pela teoria do contínuo fluvial, em ambientes sem alterações seriam encontradas poucas diferenças entre os pontos próximos em trechos de rio longe de sua nascente. Para testar potenciais diferenças entre esses pontos, indicando efeitos do empreendimento, foram calculados os índices ecológicos de riqueza, Diversidade de Shannon e Equitabilidade de Pielou e estes foram comparados por meio de modelos estatísticos lineares. Além de testar diferenças entre os trechos montante e jusante de cada rio, também foi testada diferença entre rios. As análises foram feitas para cada campanha amostral. A composição das metacomunidades também foi comparada, espécies típicas foram estimadas e foi testada a hipótese que o empreendimento causa homogeneização biótica no trecho a jusante. Por fim, foi feita a classificação dos organismos em grupos funcionais de alimentação (GFA) e a comparação da distribuição desses grupos. A compilação dos dados das seis campanhas de amostragem resultou em 117 táxons, que englobam cinco GFA. Os índices ecológicos diferiram para os rios em todas as campanhas e para os pontos em algumas, sendo o rio Carinhanha o que apresentou maior diferença entre trechos. A composição da comunidade também se apresentou diferente entre os rios em todas as campanhas. Entre os pontos, apenas na segunda campanha não foi detectada diferença. Os trechos diferiram apenas para o rio Carinhanha, com montante sendo mais homogêneo que jusante. Táxons típicos foram detectados principalmente no ponto a montante e alguns foram apontados em um grande número de campanhas. Com relação à proporção dos GFA, de forma geral foi diferente entre os pontos amostrais. Os resultados mostram que há uma variação nas metacomunidades da macrofauna bentônica e os padrões não são constantes temporalmente. Além disso, essa variação é mais evidente dependendo do rio e da faceta da diversidade biológica analisada. Isso mostra a complexidade da detecção dos impactos das obras na dinâmica natural das comunidades, o que sugere a necessidade de obtenção de dados para a compreensão dos padrões antes do início de empreendimentos com potencial de impactos ambientais
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