Aparelhos ideológicos na economia e a retórica do embate técnico dos juros em uma economia financeirizada
Resumo
Resumo: Neste trabalho analisa-se alguns aparatos ideológicos de convencimento que fazem com que o Brasil mantenha a maior taxa real de juros do planeta no ano de 2023, a pretexto de usá-lo como principal instrumento de combate à inflação. Defende-se que a inflação é o "maior imposto" sobre os mais pobres, sendo o "principal problema da desigualdade". Sendo a inflação um componente da variável taxa de juros, de outro lado há o componente poder de compra. Se a inflação está alta, mas os salários estão crescendo acima da inflação, então esta não é necessariamente um problema. Por outro lado, a inflação pode estar baixa e os salários ainda mais baixos, reduzindo o poder de compra. O mais importante é olhar para a natureza da inflação para se definir corretamente o remédio a ser aplicado. Entretanto, o Banco Central toma como regra de que a inflação é resultado do aumento de demanda na sociedade. Se o PIB per capta não voltou aos níveis de 2014, com o PIB estagnado há 9 anos, passando por pandemia em 2020 e guerra na Ucrânia em 2022, suspeita-se que a inflação vigente é de custos, forçada pela alta dos alimentos, dos combustíveis e do câmbio. Nesse sentido aumentar os juros ajuda em que? A quem interessa uma taxa real de juros mais alta do planeta? Como a sociedade aceita ter uma taxa de juros elevada comprimindo renda e emprego? A decisão de manter a taxa de juros elevada é uma decisão política ou técnica?