Prospecção da comercialização de iscas-vivas no eixo sul-norte do Complexo Estuarino de Paranaguá
Resumo
Resumo : A comercialização de iscas-vivas pelos pescadores artesanais para os pescadores amadores é uma atividade que tem crescido e se profissionalizado ao longo das últimas décadas. Esta atividade se destaca por apresentar uma boa distribuição de renda em toda a cadeia econômica, por ser menos impactante ambientalmente do que a pesca para consumo e por auxiliar a manter o modo de vida das comunidades tradicionais caiçaras. Entretanto, até o momento não há estudos a respeito desta prática no Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP). Neste sentido, o objetivo do trabalho é prospectar esta atividade, identificando as principais espécies comercializadas, períodos de safra, preço praticado, valor estimado do mercado, forma de captura e a forma de manutenção. Após obter estes dados, foram sugeridas melhorias no modelo de manutenção das iscas-vivas e projetados dois sistemas: um em terra e outro onshore. Os dados foram obtidos através de entrevistas semiestruturadas individuais com pescadores de 19 comunidades entre os meses de setembro e outubro de 2019. O valor de mercado foi estimado conforme o preço médio e da quantidade média de iscas-vivas comercializadas. A pesquisa identificou que, atualmente, 29 pescadores (de 12 das 19 comunidades visitadas) atuam com o comércio de iscas-vivas no CEP, sendo que 93% deles tem o camarão juvenil nativo como principal ativo para este tipo de comércio. O preço praticado varia de R$ 4 a R$ 15 a dúzia, conforme espécie, comunidade e período de safra. De toda a produção estimada, 78% é comercializada nas comunidades de Barbados e Bertioga. Isto porque elas atendem à demanda oriunda do litoral de São Paulo. Com exceção da comunidade de Pontal do Sul, todas as outras comunidades mantêm os animais capturados em recipientes plásticos submersos. Devido à baixa sobrevivência deste método, sugerimos reduzir a densidade de estocagem ou substituir os locais de manutenção para tanques-rede (áreas com profundidade acima de 1,5 m) ou cercados (mais simples e baratos). Como a comunidade de Pontal do Sul não dispõe de área ideal para manter seus animais dentro da água, sugerimos um sistema aberto em terra contando com uma bomba centrífuga, um reservatório de 5 m³ e 10 tanques de manutenção (1 m³ de volume total). Este sistema pode ser recirculado para que se eleve a biomassa, se reduza a dependência da água captada e, até mesmo, se cultive espécies nativas. O outro sistema sugerido (onshore) é mais econômico e tem volume de 6,5 m² e malha de 4 mm por onde ocorre a troca da água pela maré. Acreditamos que deste modo é possível elevar o tempo e a sobrevivência dos organismos, tornando a oferta constante e aumentando a comercialização de iscas-vivas no CEP.