As culturas infantis e o desenho da criança : criatividade e imaginação
Resumo
Resumo : Este trabalho propõe uma aproximação às culturas da infância a partir do desenho enquanto linguagem. Se debruça primeiramente sobre quem são as crianças que compõem essas culturas, que infâncias são estas e o que podemos entender por cultura. Tem como objetivos buscar elementos que permitam aprofundar a compreensão do desenho como uma linguagem das crianças; refletir sobre a criatividade enquanto uma necessidade existencial, partindo sempre de nossas experiências, nossos repertórios e conhecimentos de mundo, constituída assim nas relações que estabelecemos na sociedade, na cultura e no tempo em que nos inserimos e constituímos. Para pensar a infância utilizo Jens Qvortrup e especialmente as "Nove teses sobre a Infância como fenômeno social", sustentando a ideia de que as crianças são parte da sociedade e que é necessário considerar a Infância e sua relação com as forças estruturais maiores. No campo da Nova sociologia da Infância, Corsaro (2011) e a ideia de criança como ator social, assim como sua concepção de teia global do desenvolvimento e a Reprodução Interpretativa das crianças. No Campo da Antropologia, Cohn (2005) com a perspectiva da criança como sujeito social e a cultura enquanto sistema simbólico, em que somente neste sistema estabelecido é possível compartilhar significados, são as crianças atuantes nestas relações sociais que partilham. Para reflexão acerca da cultura, Geertz (1989)e a concepção da Teoria Interpretativa da Cultura no entendimento de cultura sendo teias de significados. O desenho enquanto linguagem da criança; usando como referencial teórico Vigotski (2014) e a atividade criativa como a existencial atividade humana criadora. Sendo a criatividade elemento da imaginação, situadas sempre no social dependentes de nossas experiências. E ainda Derdyck (2010), que pensa sobre o processo de aquisição da linguagem gráfica da criança, numa visão orgânica, o ato criativo um processo existencial e o desenho enquanto uma linguagem em sua potência expressiva e poética. Para reflexão acerca do desenho, criatividade e imaginação foi desenvolvido um estudo qualitativo partindo dacomposição de um Grupo Focal com quatro professoras, lançando mão de um roteiro deentrevista previamente organizado, com gravação de áudio deste momento e posterior análisedos dados gerados. Desta maneira, foram possíveis algumas constatações: o desenho enquanto continente amplo indo além do papel; o desenho precisa de repertório e experiências sendo nossa responsabilidade enquanto docente o alargamento deste; a crítica à necessidade de nomearmos o desenho da criança numa lógica adulta que desprestigia os interesses das crianças; a problemática em relação aos tempos singulares das crianças; a crítica à lógica adulta de apontar o que falta as crianças e não aquilo que elas têm a nos contar; a consciência de que a criatividade está presente nas atividades do dia a dia; concordância de que a brincadeira é onde as crianças tem maior espaço para promoção de suas atividades criativas e ainda é unânime a todas as professoras que precisamos respeitar as crianças em seus modos e tempos.
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- Pedagogia [455]