Avaliação do efeito analgésico da fração de flavonoides das folhas de Lafoensia pacari em modelo animal e in silico
Resumo
Resumo: O uso de plantas medicinais é uma prática milenar difundida mundialmente para o tratamento de doenças que acometem o ser humano, que ainda hoje é muito utilizada por diversas populações. Com o avanço da síntese orgânica, uma importante parcela de medicamentos utilizados nos países industrializados é proveniente de plantas. O Brasil é o país com a maior biodiversidade do planeta, e um grande número de plantas pertencentes aos biomas nacionais são aplicadas no uso medicinal. O objetivo desse trabalho foi verificar a atividade analgésica do extrato cetoalcoólico das folhas de uma planta nativa do Cerrado, a Lafoensia pacari, em um modelo animal e confrontar os resultados obtidos por meio de análises da via nociceptiva da COX-2 utilizando a docagem molecular. A avaliação do efeito analgésico consistiu na indução da resposta nociceptiva em camundongos Swiss através da administração via intraperitoneal de ácido acético diluído em salina (0,8% v.v) e posteriormente realizado o tratamento com o extrato cetoalcoólico das folhas de L. pacari em diferentes concentrações: 10, 30, 100 e 300 mg/kg por meio de gavagem. O controle positivo foi realizado com Dipirona monohidratada 100 mg/kg e com ácido elágico (1,6 mg/kg). Os animais foram separados em seis grupos experimentais com seis animais cada, e foram contabilizadas as contorções abdominais durante um período de tempo. Nas análises in silico foi realizada a docagem molecular entre a enzima COX-2 (receptor) e alguns flavonóides (ligantes) descritos em L. pacari, que foram preparados usando o programa AutoDock Tools. Foram repetidos os procedimentos realizados com a COX-2 murina na COX-2 humana, a fim de tentar extrapolar os resultados para a fisiologia nesse organismo. Os resultados in vivo mostraram que não houve diferença significativa entre a ação analgésica do ácido elágico e a concentração de 30 mg/kg do extrato de L. pacari, assim como entre as doses de 100 e 300 mg/kg. O extrato cetoalcoólico na dose de 100 mg/kg inibe de maneira tempo dependente as contorções abdominais induzidas por ácido acético. As análises in silico acompanharam o resultado in vivo, ajudando compreender melhor a dinâmica dos dados. Houve interação de alta afinidade entre todos os flavonóides testados e a COX-2, tanto murina quanto humana. Somando-se os achados de que não foi observada diferença significativa entre a energia de afinidade dos complexos COX-2/flavonoides, e que in vivo o ácido elágico não apresentou os melhores resultados antinociceptivos, sugere-se que ele não seja o único responsável pela atividade farmacológica. Por fim, o estudo demonstrou que o extrato cetoalcoólico das folhas de L. pacari possui ação analgésica significativa na concentração de 100 mg/kg em um modelo de dor induzida por ácido acético em animais e possivelmente os resultados podem ser extrapolados para humanos devido a semelhança de identidade e de estrutura entre as COX-2, além da similaridade de interação com os flavonoides testados. Abstract: The use of medicinal plants is an ancient practice spread worldwide for the treatment of diseases that affect the human being, which is still widely used by different populations. With the advancement of organic synthesis, an important portion of drugs used in industrialized countries comes from plants. Brazil is the country with the greatest biodiversity on the planet, and a large number of plants belonging to national biomes are used for medicinal purposes. The objective of this work was to verify the analgesic activity of the ketoalcoholic extract from the leaves of a native plant from the Cerrado, Lafoensia pacari, in an animal model and to compare the results obtained by analyzing the nociceptive pathway of COX-2 using molecular docking. The evaluation of the analgesic effect consisted of the induction of the nociceptive response in Swiss mice through the intraperitoneal administration of acetic acid diluted in saline (0.8% v.v) and subsequently carried out the treatment with the ketoalcoholic extract of the leaves of L. pacari at different concentrations. : 10, 30, 100 and 300 mg/kg by gavage. The positive control was performed with Dipyrone monohydrate 100 mg/kg and ellagic acid (1.6 mg/kg). The animals were separated into six experimental groups of six animals each, and abdominal contortions were recorded over a period of time. In silico analysis, molecular docking was performed between the COX-2 enzyme (receptor) and some flavonoids (ligands) described in L. pacari, which were prepared using the AutoDock Tools program. The procedures performed with murine CoX-2 in human COX-2 were repeated in order to try to extrapolate the results to the physiology of this organism. The in vivo results showed that there was no significant difference between the analgesic action of ellagic acid and the concentration of 30 mg/kg of L. pacari extract, as well as between the doses of 100 and 300 mg/kg. Ketoalcoholic extract at a dose of 100 mg/kg time-dependently inhibits abdominal writhing induced by acetic acid. In silico analyzes followed the result in vivo, helping to better understand the dynamics of the data. There was a high affinity interaction between all flavonoids tested and COX-2, both murine and human. Adding to the findings that no significant difference was observed between the affinity energy of the COX-2/flavonoid complexes, and that in vivo ellagic acid did not present the best antinociceptive results, it is suggested that it is not solely responsible for the pharmacological activity. Finally, the study demonstrated that the ketoalcoholic extract of L. pacari leaves has significant analgesic action at a concentration of 100 mg/kg in an acetic acid-induced pain model in animals and possibly the results can be extrapolated to humans due to the similarity of identity and structure between COX-2, in addition to the similarity of interaction with the flavonoids tested.
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