Reflexões sobre o trabalho e o sofrimento mental de professoras e professores da rede estadual de educação básica do estado do Paraná antes e durante a pandemia da Covid-19

Abstract

Resumo: Este trabalho monográfico consiste em analisar o sofrimento mental dos professores do Estado do Paraná em consequência de seus trabalhos. Com um dos principais agentes do processo educativo doente há o comprometimento de todo processo de ensino-aprendizagem. O método de análise é o materialismo histórico dialético e sua perspectiva ontológica. Trata-se de um estudo qualitativo de natureza bibliográfica e documental que busca compreender a relação trabalho e sofrimento mental, em particular o trabalho docente no atual cenário de neoliberalismo e pandemia da COVID-19. Para isso, utilizamos a categoria trabalho para diferenciarmos o trabalho a partir de um ponto de vista ontológico do trabalho no modo de produção capitalista. Sob os ditames do capital, o trabalho degrada física e psiquicamente a classe trabalhadora. Caracterizamos o trabalho docente e suas precárias condições. Demonstrou-se que a saúde deve ser analisada para além dos aspectos biológicos e que fatores sociais, como o trabalho, podem trazer sofrimento mental. Para isso, consideramos pesquisas já realizadas que retrataram o quadro de exploração e sofrimento mental pelo qual os professores do Estado do Paraná vêm passando antes da pandemia da COVID-19 e analisamos três relatórios técnicos que retratam as condições de trabalho desses professores durante a pandemia. A análise documental desses relatórios técnicos demonstraram que a implantação do ensino remoto sem nenhum treinamento prévio e o aumento da jornada de trabalho tem causado sofrimento mental em grande parte dos professores. A nossa pesquisa apontou que o adoecimento dos trabalhadores docente no Estado do Paraná, embora tenha ampliado, não é resultado exclusivamente dos novos rearranjos do trabalho em decorrência da Pandemia de COVID-19, pois verificamos que esses professores já vinham adoecendo em função da exploração em seus trabalhos. Como resultado, essa pesquisa indica que numa perspectiva ontológica do processo de trabalho e da saúde, o trabalho na sociedade vigente tende, a degradar física e psiquicamente os trabalhadores em geral. O ser social somente poderá desenvolver as suas potencialidades de forma plena, ou seja, ser saudável, quando superarmos esse modo de produção.