Agro 4.0 : Agritechs enquanto instrumentos de promoção da sociobiodiversidade
Resumo
Resumo: O presente trabalho identificou como os processos de modernização, finaceirização e digitalização da economia rural redefiniram e universalizaram, em escala global, os mercados agrícolas. Essa tríade de transformações criou as pré-condições para que o complexo de commodities agrícolas manifestasse toda sua potencialidade. Particularmente, no contexto do Agro 4.0 ou Agricultura Digital, a articulação, o processamento e os prognósticos a respeito de dados gerados em diferentes dimensões da economia rural têm implicado no monitoramento, coordenação e influência sobre diferentes atores e/ou agentes econômicos de uma mesma cadeia agrícola e/ou de cadeias produtivas correlacionadas: fornecedores de insumos (sementes, fertilizantes, defensivos), instituições financeiras, produtores rurais, cooperativas, agroindústrias, tradings, empresas de armazenamento, transporte e logística, distribuidores, atacadistas e varejistas de alimentos etc. Por sua vez, as chamadas Agritechs, startups voltadas para o agronegócio, já uma realidade pulsante, inovadora e disponível, tem ensejado a construção de novos mercados, o (re)desenho de economias rurais e até mesmo a reflexão sobre novos modelos de desenvolvimento rural. Ademais, as Agritechs, compreendidas em seus aspectos conceituais, em suas potencialidades e limitações, podem funcionar como instrumento de efetivação da sociobidiversidade, sobretudo em cadeias produtivas de alimentos desenvolvidas por comunidades tradicionais, por agricultores familiares ou por empreendimentos familiares rurais. A escassez de pesquisas sobre o tema também apontou para a necessidade de aprofundamento dos debates a respeito.