Integração de rotas biotecnológica e química para obtenção do biopolímero quitosana
Resumo
Resumo : Com aproximadamente 90 mil toneladas de camarão produzidos em 2019 no Brasil, a expectativa de crescimento e o potencial nacional traz um problema à tona: o descarte dos resíduos da indústria da carcinicultura. Quando descartados incorretamente, esses resíduos podem danificar de diversas formas o meio ambiente. Uma alternativa para utilização desse resíduo sólido é submetê-lo a processos de desmineralização e desproteinação, até extração da quitina. Esta extração requer o uso de ácidos e bases fortes, que devem ser manejados com cuidado pois produzem resíduos líquidos prejudiciais ao meio ambiente, além dos custos associados. Dessa forma é necessário avaliar se a substituição total ou parcial dos métodos químicos para extração de quitina é viável. Este trabalho visou estudar o processo fermentativo com integração ao processo químico de extração de quitina a partir de carapaças de camarão, dentro do processo de obtenção de quitosana. Para isso, foram empregadas bactérias ácido láticas para o processamento bioquímico da matéria prima, desempenhando os papéis de desmineralização e desproteinação da carapaça moída em ensaios de fermentação em meio MRS, com 72 horas de duração. Ao final da fermentação foram realizados lavagens do produto da fermentação com solução ácida a fim de potencializar os resultados de desmineralização. Em paralelo, quitina obtida por fermentação foi submetida a desacetilação para produção de quitosana, sob refluxo em solução alcalina concentrada. Após realizar as caracterizações das amostras de quitina e de quitosana, os resultados mostraram desempenho satisfatório da extração fermentativa de quitina e da integração química: a eficiência de desmineralização passou de 67% para 97% e de 52% para 90%, após fermentação com Bacillus subtilis ou Bacillus licheniforms, respectivamente, seguido de tratamento químico. A quitosana produzida a partir quitina obtida exclusivamente por fermentação, com Bacillus subtilis, revelou que tanto as características físico-químicas grau de desacetilação(78%) e massa molar (154 kDa), como qualitativas (FTIR) são similares a de outras amostras comerciais.