Paulicéia em duas rodas : dos primeiros passeios de bicicleta à criação da corrida ciclística Nove de Julho (1895-1933)

Abstract

Resumo: A Prova Ciclística Nove de Julho é considerada pela comunidade ciclística do Brasil a grande prova Clássica brasileira. Foi criada por Cásper Líbero e teve sua primeira edição em 1933. Desde então ela permeia o imaginário de ciclistas, dirigentes e amantes do ciclismo nacional. A corrida foi idealizada para homenagear a Revolução Constitucionalista de 1932 e se tornou, em certa medida, um símbolo da urbanidade paulistana e da identidade regional dos paulistas. O presente trabalho se propôs a analisar esse evento esportivo, partindo da construção da modernidade paulistana e as transformações que ela trouxe aos comportamentos e aos valores urbanos. Assim, pontuou-se a consolidação de um novo estilo de vida que valorizava o corpo, a saúde e os exercícios físicos. Nesse contexto, a bicicleta chegou à cidade de São Paulo como um artefato de divertimento importando da Europa e apresentado aos brasileiros pelas elites viajadas paulistanas. Logo tornou-se um hábito para os tempos livres daqueles que o dispunham. Mais tarde a bicicleta protagonizaria grandes espetáculos de competições no Velódromo Paulista e depois ganharia as ruas da cidade e estradas em seu entrono se popularizando como um exercício físico e posteriormente como um esporte moderno. Nesse processo o andar de bicicleta atravessou uma esportivização, baseada no aprimoramento das regras e da performance, possibilitando, dessa forma, a organização de eventos esportivos modernos como a Prova Ciclística Nove de Julho. Para a abordagem dessa pesquisa as fontes utilizadas se sustentaram nos jornais da época, o Correio Paulistano e A Gazeta (SP), no periódico Revista A Vida Moderna e nos memorialistas Jorge Americano, Alfredo Moreira Pinto e Heloisa Alves de Lima e Motta. Por fim, um conjunto de fontes iconográficas foram selecionadas para compor o trabalho dialogando com a narrativa.

Abstract: The Nove de Julho Cycling Event is considered by the cycling community in Brazil as the great Brazilian Classical event. It was created by Cásper Líbero and had its first edition in 1933. Since then it has permeated the imagination of cyclists, managers and lovers of national cycling. The race was designed to honor the Constitutionalist Revolution of 1932 and became, to some extent, a symbol of urbanity in São Paulo and the regional identity of São Paulo. The present work, had as a proposal, to analyze this sporting event starting from the construction of the São Paulo modernity, and the transformations that it brought to the behaviors and to the urban values. Punctuating thus, the consolidation of a new lifestyle that valued the body, health and physical exercise. In this context, the bicycle arrived in the city of São Paulo as an artifact of entertainment imported from Europe and presented to Brazilians by the traveled elites of São Paulo. It soon became a habit for the free time of those who had it. Later, the bicycle would start to protagonize in major competition spectacles at the Velodrome Paulista and later, it would take over the city streets and roads in its surroundings, becoming popular as a physical exercise in training for modern sport. In this process, the use of bicycles went through a sporting activity, based on the improvement of rules and performance. This way, it resulted in the organization of modern sporting events, such as the Nove de Julho Cycling Race. To approach this research, the sources used were supported by newspapers of the time, Correio Paulistano and A Gazeta (SP), by Revista A Vida Moderna and by memorialists Jorge Americano, Alfredo Moreira Pinto and Heloisa Alves de Lima e Motta. Finally, a set of iconographic sources were selected to compose the work, dialoguing with the narrative.