Efeito do potencial elétrico da superfície de lipossomas revestidos com biopolímeros sobre a liberação cutânea de EGF
Resumo
Resumo: Lipossomas são nanoestruturas usadas como carreadores de fármacos e também como agentes de vetorização cutânea de ativos em processos inflamatórios ou associados ao envelhecimento cutâneo. Tais estruturas, passíveis de absorção cutânea são vantajosas quando aplicadas por esta via por não sofrerem metabolismo de primeira passagem e por reduzirem a ocorrência de efeitos colaterais. Entretanto, o estrato córneo, camada mais externa da pele, atua como uma barreira que limita significativamente a permeação de ativos pelas camadas da pele. Assim, várias estratégias para aumentar a permeação cutânea são desenvolvidas, entre elas modificação da composição química, tamanho e alteração do potencial elétrico da interface. Dentre os polímeros, o alginato de sódio e a quitosana são polissacarídeos com caráter aniônico e catiônico, respectivamente, e apresentam potencial aplicação em sistemas de liberação controlada de fármacos, bem como podem funcionar como adjuvantes na permeação cutânea de ativos lipossomados. Portanto, o objetivo deste trabalho é caracterizar lipossomas catiônicos e revestidos com alginato e alginato-quitosana, verificando a eficiência da permeação cutânea in vitro frente a alteração do potencial de superfície. Para isso, os lipossomas (Lip) foram produzidos a partir do lipídeo catiônico brometo de dioctadecil dimetil amônio (DODAB) e 1,2 dioleoil-sn-glicerol-3-fosfatidiletanolamina (DOPE) (LipD) por reidratação de filme lipídico. A caracterização dos polímeros foi realizada por ressonância magnética nuclear (RMN) e cromatografia de exclusão de tamanho (SEC) e a presença dos ambientes hidrofóbicos da estutura lipossomal foi demonstrada por sonda de pireno. O revestimento polimérico foi realizado por Layerby- Layer, com uma camada de alginato de sódio e em seguida, com quitosana, para formar uma dupla camada polimérica, originando as estruturas de lipossomas revestidos com algonaLip-A/LipD-A e Lip-C/LipD-C, respectivamente, onde foram caracterizados por espectroscopia de infravermelho e determinação do potencial zeta (potencial ?), cujos valores obtidos foram de +79 ± 0,4 e 62 ± 1,5 mV para Lip/LipD, -52 ± 0,2 e -68 ± 0,3 mV para Lip-A/LipD-A e 39 ± 0,3 mV e 48 ± 0,3 mV para Lip-C/LipD-C, respectivamente. A determinação do diâmetro dos lipossomas e lipossomas revestidos foi determinada por espalhamento de luz dinâmico (DLS). Lip, LipA e LipC apresentaram diâmetro de 66 ± 19, 104 ± 13 e 204 ± 105 nm, respectivamente, enquanto com a presença de DOPE, os diâmetros foram de 34 ± 4, 278 ± 36 e 216 ± 96 nm para LipD, LipD-A e LipD-C, respectivamente. A morfologia e topografia dos lipossomas, determinado por microscopia de força atômica (AFM) foi de 56 ± 8, 125 ± 68 e 151 ± 24 nm para os lipossomas sem DOPE e 63 ± 8, 172 ± 30 e 165 ± 32 nm para lipossomas com DOPE. A alteração do potencial ?, bem como o aumento de tamanho apresentado pelas estruturas indicam que o revestimento polimérico foi bem-sucedido. Após o encapsulamento do fator de crescimento epidermal (EGF), foi quantificada a eficiência de incorporação nos lipossomas pelo método indireto, que apresentou um aumento de 20 para 55% quando revestidos com os polímeros. Quando avaliado o efeito do revestimento sobre a permeação cutânea utilizando uma sonda de fluoresceína, sugere-se uma tendência de acúmulo no estrato córneo, com um perfil de permeação lento e de liberação baixa. Na permeação do EGF, os lipossomas mostraram-se melhores para entrega do ativo com ação local em relação ao EGF livre e lipossomas catiônicos apresentaram melhores perfis de permeação e interação com o estrato córneo, enquanto os aniônicos se difundiram para a epiderme. PALAVRAS-CHAVES: Lipossomas. Revestimento polimérico. Permeação cutânea. Abstract: Liposomes are nanostructures used mainly as drug deliverys and targeting agents in inflamatory process or associated to skin aging, because they can be absorved through the skin and avoid the first-pass metabolism and reduce collateral effects. However, the stratum corneum, the external layer of the epidermis, operate as a barrier which limits the permeation of these compounds through the skin. Thus, there are several strategies to improve cutaneous permeation such as chemical composition, size and modification of the electrical potential of the interface. Among the polymers, the sodium alginate and chitosan are polyssacharides with anionic and cationic charge, respectively, both with potential aplication in sustained drug deliverys systems, and as adjuvants in cutaneous permeation in liposomal compounds. Therefore, the objective of this work is characterizing cationic liposomes and liposomes coated with alginate and alginate-chitosan, to verify the role of electric charge surface potential in cutaneous permeation in vitro. For this purpose, the liposomes (Lip) were prepared from the cationic lipid dioctadecyldimethylammonium bromide (DODAB) and 1,2 - dioleoyl-sn- glycerol- 3- phosphatidylethanolamine (DOPE) (LipD) by hydration of lipid film. The characterization of polymers was performed by nuclear magnetic resonance (NMR) and size exclusion chromatography (SEC). The presence of hydrophobic regions of liposomes was demonstrated by pyrene probe. The polymeric coating was made by Layer-by-Layer technique, with one layer of sodium alginate followed by one layer of chitosan, originating the structures Lip-A/LipD-A and Lip-C/LipD-C, respectively, which were characterized by infrared spectroscopy (FTIR) and determination of zeta potential (?), whose values obtained were + 79 ± 0,4 and 62 ± 1,5 to Lip/LipD, -52 ± 0,2 and -68 ± 0,3 to Lip-A/LipD-A and 39 ± 0,3 and 48 ± 0,3 mV to Lip-C/LipD-C, respectively. The determination of diameter of liposomes and coated liposomes was determined by dynamic light scattering, (DLS). Lip, LipA e LipC showed diameters of 66 ± 19, 104 ± 13 and 204 ± 105 nm, respectively, while, in the presence of DOPE, the diameters were 34 ± 4, 278 ± 36 and 216 ± 96 nm to LipD, LipD-A e LipD-C, respectively. The morfology and topography determined by atomic force microscopy, was 56 ± 8, 125 ± 68 and 151 ± 24 nm to liposomes without DOPE and 63 ± 8, 172 ± 30 and 165 ± 32 nm to liposomes with DOPE. The change of ? potential, as well as the increase of size showed by liposome structures indicates that the polymeric coating was successful. After the encapsulation of epidermal growth fator (EGF), the incorporation efficiency was quantifying by the indirect method, where it presented an increase of 20 to 55% when coated. When the effect of coating over the cutaneous permeation was evaluated with fluorescence probe, it is suggested the tendency of accumulation in stratum corneum, with a profile of slow and low release. When EGF was tested, the liposomes were shown to be better for locally active delivery compared to free EGF solution and cationic liposomes show greater permeation and interaction with stratum corneum, while the anionics spread into epidermis. KEYWORDS: Liposomes. Polymeric coating. Cutaneous permeation
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