Uma palavra vale mais que mil imagens : as representações dos judaizantes nos sermões de autos-de-fé da Inquisição Portuguesa (1612-1620)
Resumo
Resumo : Os Sermões de autos-de-fé eram parte da função coesiva da Inquisição Portuguesa. Por meio das palavras, atestavam uma garantia de união e ordem às terras lusas. Sua pregação no púlpito nas cerimônias dos autos-de-fé era um momento importante, pois causava a sagração da fé católica romana sobre os hereges. As palavras utilizadas pelos pregadores tinham força e intenção. Boa parte das palavras proferidas eram metáforas, as quais deviam causar uma imagem aos réus. Destacamos, dentre as muitas metáforas presentes, as palavras cegos, surdos e mancos como uma maneira de dar visibilidade aos culpados, que, neste caso eram os judaizantes. O pregador tinha por função persuadir seu público por meio de uma oratória com ornamentos bem escolhidos. Todas essas condições, presentes nos autos-de-fé, desempenhavam à Inquisição uma função de identificação do seu inimigo, bem como a vitória sobre ele por meio das palavras. Objetivamos, enfim, compreender a importância do Sermão na sociedade portuguesa, como uma forma pedagógica de promover a coesão, tanto social quanto religiosa.
Palavras-chave: Inquisição Portuguesa, Sermões de autos-de-fé, antijudaísmo.