Pelouros e barretes : juízes e vereadores da Câmara Municipal de Curitiba - século XVIII
Resumo
Resumo : Esta pesquisa destaca a importância das câmaras municipais no Brasil Colonial como instrumento privilegiado para se compreender as relações entre metrópole e colônia. Nesse sentido, discutir como se realizava o processo da escolha de seus membros, tratando da qualidade dos indivíduos, é imprescindível. Tendo como objeto a Câmara Municipal de Curitiba, e abrangendo o período de 1693 a 1828, esta pesquisa recorreu às Atas de Vereações, às Atas de Eleições Municipais e aos Termos de Posse e Juramento para identificar os oficiais eleitos "por barrete", forma de eleição simplificada na qual participavam membros e ex-membros da câmara. Os dados coligidos foram distribuídos em fichas e posteriormente relacionados entre si: a 1ª ficha diz respeito à composição anual da câmara; a 2ª, às eleições de barrete; a 3ª, aos dados biográficos de envolvidos na administração local. Para um período de 135 anos, no qual deveriam exercer as funções da governança um número próximo de 816 pessoas, verifica-se a constante reeleição de cerca de 338 indivíduos. Mais especificamente quanto às eleições de barrete, tem-se, para um total de 314 eleições, 170 indivíduos eleitos. A partir da análise dos dados, conclui-se que: 1) para o período indicado, havia em Curitiba um número suficiente de pessoas aptas a exercerem as funções camarárias, contudo ocorria o fechamento do acesso a esses cargos; 2) muitos dos envolvidos na administração local eram portadores de títulos militares, indicando a existência de uma relação entre títulos honoríficos e militares e elites políticas locais; 3) as principais famílias da região detinham o monopólio do poder local, na câmara e na administração das tropas auxiliares e de ordenanças; 4) essa preeminência política de alguns grupos era assegurada pela prática de casamentos interfamiliares.
Palavras-chave: Elites Políticas Locais; Eleições de Barrete; Brasil Colonial - Curitiba Setecentista.