A escolha da profissão para adolescentes já inseridos no mundo do trabalho através do Programa de Aprendizagem Profissional do CEMADE
Resumo
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo evidenciar os aspectos relacionados à escolha da profissão para adolescentes já inseridos no mundo do trabalho através do Programa de Aprendizagem Profissional do CEMADE. Trata-se de uma pesquisa qualitativa para a qual foram realizadas entrevistas com oito adolescentes. A análise dos dados se baseia nos estudos realizados no campo da orientação profissional de fundamentação psicanalítica. A pesquisa teórica engloba: (i) um breve histórico sobre as políticas de educação profissional no Brasil, em especial sobre a Lei da Aprendizagem Profissional; (ii) o posicionamento crítico da pesquisadora Acácia Kuenzer a respeito dos atuais programas de profissionalização no Brasil; (iii) um referencial para o entendimento dos fenômenos psicológicos próprios da adolescência; (iv) considerações sobre o que é trabalho na sociedade contemporânea; (v) articulações sobre adolescência e trabalho e (vi) os fatores internos e externos envolvidos no processo de escolha profissional do adolescente. A entidade escolhida para a pesquisa foi o CEMADE – Centro de Aprendizagem Profissional para Adolescentes "Maria Adelaide", cujas características estão descritas no corpo deste trabalho. No conteúdo das entrevistas, observou-se a presença de aspectos comuns aos participantes e a partir daí foram elencadas categorias de análise. Para a escolha profissional, verificou-se a influência dos seguintes fatores: (i) as identificações com pais, professores e profissionais da empresa; (ii) o projeto de vida do adolescente; (iii) o fator econômico; (iv) o fator educacional e (v) o papel da aprendizagem profissional. Concluiu-se que diante da influência de inúmeros fatores, a maioria dos adolescentes não consegue escolher sua profissão de maneira livre. A busca, em primeiro lugar é pelo "bom emprego" e este, muitas vezes, está localizado na empresa onde os jovens já atuam como aprendizes. Mesmo não identificados com a área, estão identificados com os valores dos pais, dos professores e dos profissionais da empresa que reproduzem o discurso de uma sociedade preocupada com o consumo. Diante das dificuldades econômicas e educacionais, a forma mais fácil destes adolescentes realizarem seus projetos de vida é restringindo seu leque de opções. Daí a importância das políticas de educação profissional serem repensadas, para que garantam a inclusão do jovem no mundo do trabalho permitindo a sua autonomia. Da mesma forma, as entidades formadoras e as empresas contratantes precisam oferecer espaços de discussão sobre o mundo do trabalho e sobre as atividades profissionais, possibilitando aos adolescentes uma visão mais crítica do contexto em que vivem. A Psicologia do Trabalho tem a contribuir com esta discussão, pois entende que a qualidade de vida do trabalhador depende entre outras coisas, da satisfação do indivíduo com aquilo que faz.