Avaliação comportamental de ratos com carcinoma orofacial submetidos a testes de ansiedade e hiperalgesia
Resumo
Resumo : O câncer orofacial é altamente incidente na população. Sabe-se que a dor e ansiedade representam sintomas comuns desta condição, resultando em um grave problema de saúde pública. Estudos têm mostrado que a prevalência de ansiedade em pacientes com dor de câncer tem aumentado, sendo esta condição relativamente proporcional à intensidade de dor relatada pelos pacientes. No entanto, não é claro por quais mecanismos e se o desenvolvimento desses dois sintomas estão relacionados. Assim, este estudo teve como objetivo investigar a relação entre nocicepção e ansiedade em animais com carcinoma orofacial. Para isso, células Walker-256 foram utilizadas para a indução de carcinoma orofacial em ratos. Seis dias após esta inoculação, os animais foram submetidos nos testes do labirinto em cruz elevado (LCE) e da transição claroescuro (TCE), ambos usados para estudar os comportamentos relacionados à ansiedade. Grupos independentes de animais também foram submetidos ao teste de hiperalgesia térmica ao calor para avaliar o comportamento nociceptivo. Além disso, o efeito da lidocaína (LDC; 2%; i.l.), um anestésico local utilizado no controle da dor, e do midazolam (MDZ; 0,5 mg/kg; i.p.), um benzodiazepínico ansiolítico, foram avaliados em ratos com carcinoma orofacial submetidos a estes testes. Após os testes comportamentais, o córtex pré-frontal (CPF) e a amígdala, regiões encefálicas envolvidas na mediação dos comportamentos emotivos e ansiedade, foram dissecados para medir parâmetros de estresse oxidativo, como atividade de superóxido dismutase (SOD), glutationa reduzida (GSH) e os níveis de lipoperoxidação (LPO). Os nossos dados mostraram que os ratos com carcinoma orofacial apresentam comportamento do tipo ansiogênico mais pronunciado em relação aos animais controle quando avaliados no LCE e TCE, além de hiperalgesia térmica ao calor. O tratamento local com LDC apresentou efeito apenas anti-hiperalgésico, mas não foi capaz de alterar o comportamento ansiogênico dos animais com carcinoma orofacial quando avaliados no LCE e TCE. Por outro lado, o tratamento com MDZ resultou em efeito do tipo ansiolítico, mas não influenciou a hiperalgesia. As análises bioquímicas mostraram que a atividade da SOD e os níveis de LPO estavam aumentados no CPF, enquanto que os níveis de GSH estavam reduzidos em animais portadores do tumor, entretanto na amígdala não houve diferença estatística nesses animais. Interessantemente, o tratamento com MDZ reverteu todas essas alterações sem alterar esses parâmetros nos animais controle. Em conclusão, nossos dados sugerem que os mecanismos que medeiam os comportamentos relacionados à ansiedade e hiperalgesia parecem não estar associados. Além disso, os níveis aumentados de estresse oxidativo no CPF dos animais com carcinoma poderiam contribuir para o comportamento do tipo ansiogênico. Estudos adicionais são necessários para o melhor entendimento da associação de ansiedade e dor associada ao carcinoma orofacial.
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