Rastreamento in vitro através de métodos bioquímicos e biológicos a aplicabilidade farmacológica e biotecnológica de diferentes polissacarídeos sobre a linhagem endotelial (RAEC) exposta as toxinas do veneno de Loxosceles intermedia (aranha marrom)
Resumo
Resumo : Acidentes envolvendo aranhas do gênero Loxosceles, comparados com outros animais peçonhentos, ocupam o primeiro lugar em termos de saúde pública no Paraná. O quadro clínico induzido pela picada da aranha da espécie Loxosceles intermedia pode evoluir para efeitos cutâneos e/ou sistêmicos. A compreensão da ação citotóxica e biomolecular do veneno ainda é bastante incompleta, não sendo conhecidos fármacos que vislumbrem neutralizar, minimizar ou mesmo inativar a potente ação das toxinas presentes no veneno. Sendo assim, foram empregados polissacarídeos sulfatados a fim de rastrear sua possível ação farmacológica. Fucana é o termo utilizado para definir uma família de polissacarídeos sulfatados sendo sua característica estrutural mais marcante a presença da L- Fucose sulfatada. Desta forma, apresenta semelhança estrutural com a heparina, um glicosaminoglicano altamente sulfatado empregado clinicamente por possuir atividade anticoagulante e antitrombótica. Neste trabalho, fucanas extraídas da alga marrom, denominadas Fucanas A e B, e a heparina, foram testadas como possíveis agentes atenuantes dos efeitos induzidos pelo veneno da aranha marrom. Tais fucanas (A e B), foram caracterizadas através da técnica de eletroforese em gel de agarose (PDA). Os resultados evidenciaram uma nítida interação do veneno da aranha marrom com tais fucanas, através do emprego do tampão Tris/Acetato para realizar a eletroforese em gel de agarose. Para avaliação do possível efeito protetor in vitro destas fucanas, foi empregada a linhagem de células endoteliais de aorta de coelho (RAEC). Primeiramente, o foco da abordagem foi o possível comprometimento destas fucanas ante as dinâmicas de viabilidade e a proliferação. Os resultados claramente demonstraram que a exposição às diferentes fucanas, não comprometeu a viabilidade e proliferação destas células. Pela análise bioquímica do perfil eletroforético em SDS-PAGE, da sabida degradação induzida pelo veneno sobre as moléculas da matriz extracelular, fibronectina, observou-se claramente o efeito protetor de ambos polissacarídeos sobre estas moléculas. Ensaios de adesão celular em células endoteliais de aorta de coelho (RAEC) sobre uma matriz de fibronectina foram posteriormente realizados para verificar se este efeito protetor aumentaria a adesão dessas células quando expostas a ação do veneno. Sabendo-se que as toxinas do veneno interagem com a superfície deste tipo celular, posteriormente investigou-se o possível efeito desacoplador desta interação, com o uso das fucanas, para tanto empregou-se a técnica de citometria de fluxo, onde foi notado uma tímida diminuição da marcação de veneno na superfície celular. E por fim, objetivando-se a localização ou possível colocalização dos polissacarídeos com as proteínas do veneno loxoscélico, foi feita imunocitoquímica, onde observou-se que uma nítida marcação dos polissacarídeos preferencialmente na matriz extracelular, exibindo pouca colocalização com o veneno sobre a superfície celular. Estes resultados mesmo que preliminares sugerem uma possível aplicação farmacológica e biotecnológica das fucanas contra os efeitos induzidos pelas toxinas presentes no veneno da aranha Loxosceles intermedia.
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