Avaliação "in vitro" da atividade antitumoral de polissacarídeo obtido da espécie Lentinus edodes
Resumo
Resumo : Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que possuem em comum sua origem a partir da perda do controle do ciclo celular, resultado de mutações que se somam nos estágios iniciais do tumor. É considerado atualmente um problema de saúde mundial, com registro de mais de 12,4 milhões de novos casos em 2008, resultando em aproximadamente 7,6 milhões de óbitos. De 80% a 90% dos casos de câncer têm origem a partir de fatores sociocomportamentais, como alto consumo de gorduras, falta de atividade física, ingestão de álcool, uso de tabaco, obesidade, exposição excessiva ao sol e interações sociais e culturais. Nas três últimas décadas o câncer vem alterando o perfil epidemiológico do Brasil. Atualmente é a segunda maior causa de mortes da população brasileira, com previsão do aparecimento de 489 mil novos casos em 2011. A remoção cirúrgica, a radioterapia e a quimioterapia são os tratamentos mais usuais contra o câncer, tendo, porém uma enorme quantidade de efeitos colaterais. Tendo isso em vista, é crescente o interesse na busca de tratamentos utilizando compostos naturais contra a doença, os quais possuem diversos relatos na literatura de efeitos imunomoduladores e antitumorais. O presente trabalho buscou avaliar o potencial biológico de uma beta-glucana extraída do fungo Lentinus edodes, composto aqui denominado de P4, utilizando para isso ensaios in vitro com a linhagem celular B16F10 (melanoma murino). Os experimentos foram realizados com diferentes concentrações e tempos de tratamento. O ensaio de MTT analisa citotoxicidade celular através da ação da desidrogenase mitocondrial, a qual converte um composto salino (MTT) em cristais de formazan; após o tratamento com o polissacarídeo em estudo, evidenciou-se que este não causa citotoxicidade celular nenhuma das concentrações e tempo analisados. Pelo método de Vermelho Neutro avaliou-se a viabilidade celular, pela capacidade das células captarem, por endocitose, este corante; o polissacarídeo utilizado não alterou a viabilidade das células, sendo que os tratamentos ficaram próximos aos valores do controle. Para verificar possíveis alterações na proliferação celular, o método de análise com Cristal Violeta foi utilizado. Após o tratamento com o polissacarídeo, não foram evidenciadas alterações nesse mecanismo celular em conseqüência da exposição ao composto utilizado neste estudo. Todos os experimentos acima descritos foram feitos com as concentrações de 10 e 100µg/mL, com tempo de tratamento de 72h. Para avaliar possíveis alterações morfológicas e ultraestruturais, causadas em resposta à exposição ao polissacarídeo, empregou-se a análise de imagens obtidas por Microscopia Eletrônica de Varredura. Para este experimento, células foram tratadas por 48h com o composto nas concentrações de 5, 10, 50 e 100µg/mL. Evidenciou-se que as células expostas aos tratamentos sofreram modificações, como aumento de expansões membranares e inibição de contato. O método de Espécies Reativas de Oxigênio e Nitrogênio (ERONs) avaliou a capacidade oxidativa das células tratadas com o composto aqui empregado, apresentando significativo aumento desta capacidade comparada ao controle, em ambas as concentrações utilizadas, 10 e 100µg/mL. Os resultados obtidos com este estudo evidenciaram efeitos promissores com o modelo in vitro e apontam para possíveis atividades antitumorais desta beta-glucana, logo se faz necessário prosseguir com estudos in vivo para confirmar o potencial desse composto extraído de cogumelo.
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