Relação entre os diferentes inibidores colinesterásicos com a atividade da butirilcolinesterase e a variante L72M do gene da grelina em pacientes com Alzheimer
Resumo
Resumo : A doença de Alzheimer (DA) é uma demência senil caracterizada por um progressivo declínio da memória e de outras funções cognitivas, decorrentes do processo neurodegenerativo. Atualmente, os fármacos disponíveis para o tratamento da DA, os anti-colinesterásicos, também denominados inibidores colinérgicos (IChEs), visam o aumento da atividade de neurônios colinérgicos, por meio da inibição das enzimas Acetilcolinesterase (AChE) e Butirilcolinesterase (BChE), porém não inibem o avanço da doença. Diversos estudos têm demonstrado que a eficiência do tratamento com os IChEs e a atividade da BChE podem ser influenciados por variações genéticas do paciente. O objetivo do presente trabalho foi avaliar, através de um estudo caso controle, o efeito dos inibidores colinérgicos sobre a atividade da BChE. Também foi avaliado o efeito da variante L72M do gene grelina (GHRL) sobre a atividade da BChE, uma vez que a BChE é uma das enzimas responsáveis pela desacetilação da grelina. Além disso, foi demonstrado que o gene da grelina influencia a expressão da BChE. Estudos indicam que o padrão de expressão do gene grelina está alterado na DA, além disso, ele parece ter um importante papel na memória e cognição, motivo pelo qual também foi avaliada a correlação existente entre a variante L72M do gene e a DA. Para o estudo, foi utilizado o plasma de 30 pacientes, prováveis DA, do ambulatório de Disfunção Cognitiva do HC-UFPR, tratados com os IChEs Donepezil (DNP) e Galantamina (GLT) (inibidores reversíveis da AChE) e Rivastigmina (RVG) (inibidor pseudo-irreversível da AChE e BChE). Os pacientes foram pareados por idade e escolaridade com 30 controles. A atividade da BChE nos pacientes tratados com RVG foi 13,4% menor e 7,9% maior nos pacientes tratados com DNP, comparado aos controles. O grupo tratado com GLT apresentou atividade similar à do controle (1,62% maior). A diminuição da atividade com uso da RVG era esperada devido a sua ação na inibição da BChE. Para os inibidores específicos da AChE, verificou-se que a GLT, que possui um mecanismo duplo de ação, não alterou o nível plasmático de atividade da BChE. Os pacientes tratados com DNP apresentaram nível aumentado da atividade, possivelmente pelo efeito de feedback da BChE em substituir a AChE. Comparando a atividade da BChE entre os três grupos, a atividade enzimática do grupo de pacientes tratados com RVG foi menor comparada à média de atividade dos pacientes tratados com GLT e DNP (13,9% e 17,13%, respectivamente). Em relação ao efeito da variante estudada, L72M, sobre a atividade da BChE, foi observado que, tanto os pacientes quanto os controles idosos, heterozigotos para a variante estudada, apresentaram atividade da BChE maior comparada aos homozigotos 72LL, mostrando que este é um fator que pode influenciar na resposta do paciente ao tratamento com o IChE. Estes dados sugerem que a resposta dos pacientes aos IChEs pode estar relacionada a outros fatores que afetam a atividade da BChE. Sendo assim, a medida da atividade dessa enzima pode ser uma possível variável a ser analisada durante o direcionamento do tratamento, uma vez que a resposta dos pacientes ao tratamento não é homogênea.
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