Padrão de distribuição mundial das espécies do gênero Styela (Tunicata, Ascidiacea, Styelidae)
Resumo
Resumo : O gênero Styela (Fleming, 1822) possui alguns casos conhecidos de bioinvasão, como S. clava e S. plicata, que causam danos em cultivos de bivalves no mundo inteiro. A partir dos padrões de distribuição, pode-se avaliar e comparar os padrões das espécies bioinvasoras e identificar espécies ainda não reconhecidas como introduzidas, tendo em vista que espécies com distribuição geográfica ampla ou com registros isolados possuem grandes chances de terem sido transportadas pelo homem, devido ao fato de naturalmente apresentarem dispersão restrita (vida larval livre natante curta). Com o objetivo de identificar o padrão de distribuição das espécies deste gênero, foi realizada extensa revisão bibliográfica da ocorrência de suas espécies e elaboração de mapas. Foram encontradas 63 espécies válidas para o gênero, em que o Pacifico foi o Oceano com maior diversidade, assim como a faixa latitudinal Temperada, mais precisamente a Temperada Norte, o que contraria o Gradiente Latitudinal de diversidade. A distribuição vertical deste gênero mostrou o mesmo número de ocorrência tanto dentro quanto fora da Plataforma Continental (até 200m), o que pode levar à idéia de que o Oceano Profundo tende a abrigar alta riqueza, tendo em vista o menor esforço de amostragem em comparação a águas rasas. O fato das regiões temperadas apresentarem maior riqueza de espécies e o grande número de espécies em profundidades superiores à da plataforma continental podem mostrar uma preferência do gênero por águas mais frias, o que corrobora com a idéia de que a estratégia solitária é mais difundida em ambientes temperados. Grande maioria das espécies apresentou distribuição restrita, mas uma lacuna de dados foi confirmada, pois a maioria delas foi citada em apenas uma referência. Dentre as espécies com distribuição ampla ou disjunta estão as circumpolares, as anfi-oceânicas, as invasoras e as profundas. Algumas espécies apresentaram distribuição disjunta em grande profundidade, o que reduziria muito a probabilidade de transporte antropogênico, esta distribuição pode ser causada devido à homogeneidade das condições ambientais e às correntes erosivas de fundo, independente de latitude e longitude. Pôde se observar que as espécies invasoras conhecidas (S. canopus, S. clava e S. plicata) possuem um padrão de ocorrências em profundidade rasa (0-50 m) e ampla tolerância a diferentes latitudes e longitudes. Nenhuma outra espécie apresentou os mesmos padrões das invasoras. Styela rustica possui um padrão semelhante de profundidade e variação longitudinal, porém não apresenta grande amplitude latitudinal de distribuição, mas merece atenção devido ao fato de ser encontrada em substrato artificial e superfícies de cultivo. A distribuição das espécies não pode ser considerada isolada de sua história, pois padrões atuais são reflexos de evolução e expansão em milhões de anos de eventos geológicos, mudanças climáticas, extinções, re-invasões, rotas de dispersão e outros fatores que impossibilitam explicar os processos reais que levaram ao padrão atual, devido também à falta de estudos filogenéticos e dificuldade da fossilização da carapaça, levando a uma lacuna na ancestralidade e taxonomia o grupo. A consideração de distribuição vertical em estudos biogeográficos é de grande relevância, pois a Frente Polar se mostrou permeável a espécies profundas, enquanto que o Estreito de Gibraltar se mostrou uma barreira para espécies com profundidades superiores a 500m. Deste modo, sugere-se monitoramento das espécies com padrões semelhantes aos das invasoras, tais como as espécies consideradas anfi-oceânicas, circumpolares e indefinidas, pois estes sugerem potencial de dispersão por transporte humano.
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