Emoções, identidade & poder : um estudo sobre mulheres em organizações da política brasileira
Resumo
Resumo: Esta tese teve por objetivo analisar a forma como as emoções, a identidade e o poder se entrelaçam à atuação de mulheres em organizações da política brasileira. Assim, de maneira a alicerçar as discussões propostas, no referencial teórico trouxe-se à reflexão o conceito de emoções adotado, a ambivalência emocional, a empatia e prosocialidade. Entrelaçando-se a tal conceito, discutiu-se a teoria de identidade, destacando-se seus níveis e delineamentos, o nível adotado ao estudo e como a identidade se constitui em meio a relações de poder. Por fim, salientou-se a teoria de poder abordando-se a evolução dos conceitos de poder no campo de estudos organizacionais e o entendimento de poder aqui utilizado. Em relação aos procedimentos metodológicos, adotou-se a abordagem qualitativa utilizando-se da estratégia de estudo qualitativo básico em que se pontuou cada participante do estudo como um caso específico a ser analisado. Esta tese teve por contexto organizações componentes do sistema político brasileiro, em especial os partidos políticos, Câmaras de Vereadores e Assembleias Legislativas. Os sujeitos da pesquisa consistiram em 21 mulheres inseridas e atuantes na política em cargos de deputadas e vereadoras em diferentes casas legislativas. A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas semiestruturadas, observações não participantes e dados secundários. As entrevistas foram amparadas por roteiro previamente delineado com base na literatura utilizada. As observações foram realizadas em sessões plenárias nas Casas Legislativas pesquisadas e, por fim, os dados secundários foram provenientes de fontes de acesso público. Todos esses dados foram analisados com base na técnica de análise narrativa. Os principais resultados encontrados permitiram a verificação de que as emoções permeiam toda a trajetória de mulheres na política e são o fator responsável por conectá-las às organizações deste ambiente. Pontua-se que, na construção dessa conexão, algumas emoções específicas podem se destacar e, nos casos em análise essa emoção foi a empatia. A empatia com seus aspectos afetivos, cognitivos e a prosocialidade, inicia-se no desejo de atuação em movimentos pró-sociais e é fator de incentivo à inserção e permanência nas organizações da política. Pontua-se aqui as emoções como responsáveis pela identificação que um indivíduo possui com suas atividades, sobressaindo-se desde o período do processo de sua constituição até a consolidação dessa identidade. No entanto, ressalta-se que ainda nesse processo tem-se como fator relevante o poder. Discute-se que o poder enquanto algo relacional, não se atrela necessariamente às estruturas organizacionais, se faz presente em todas as relações de uma organização, com diferentes graus de influência, aceitação e questionamentos. Assim, interfere nas identidades constituídas, nas emoções sentidas, traz consigo questionamentos sobre as relações vivenciadas e do próprio poder conquistado. Conclui-se que o entrelaçamento entre as emoções, identidade e poder ocorre de maneira não linear no processo da busca por mudanças e transformações nas organizações pesquisadas, mas também do contexto social que as envolvem. Diante do exposto, este estudo contribui ao discutir o entrelaçamento existente entre as teorias de identidade e poder com o conceito de emoções e também traz luz às discussões a respeito do papel que a sociedade e organizações possuem em relação à atuação de mulheres em organizações predominantemente masculinas, como é o caso das organizações componentes do sistema político. Abstract: This thesis aims to analyze how emotions, identity, and power are intertwined with the performance of women in Brazilian political organizations. In order to support the proposed discussions, the concept of emotions, emotional ambivalence, empathy, and prosociality were considered in the theoretical framework. Intertwined with this concept, identity theory was discussed, highlighting its levels and delineations, the adopted level for the study and how identity is constituted amidst power relations. Finally, the power theory was highlighted, addressing the evolution of power concepts in the field of organizational studies and the understanding of power used in this context. A qualitative approach was adopted using basic qualitative study strategy in relation to the methodological procedures, in which each participant of the study was rated as a specific case to be analyzed. This thesis was developed in the context of organizations that are components of the Brazilian political system, especially political parties, City Councils, and Legislative Assemblies. The research subjects consisted of 21 women who are inserted and active in politics, in various positions, such as deputies and councilwomen in different legislative houses. The data was collected through semi-structured interviews, non-participant observations, and secondary data. The interviews were supported by a previously outlined script based on the literature used. The observations were made in plenary sessions in the researched legislative houses and, finally, the secondary data were retrieved from public access sources. All of the data information was analyzed based on the narrative analysis technique. The main results allowed the verification that emotions permeate the entire trajectory of women in politics and are the factor responsible for connecting them to organizations in this environment. It is pointed out that, in the construction of this connection, some specific emotions may stand out, and in the analyzed cases, the emotion was empathy. Empathy, with its affective, cognitive, and prosocial aspects, begins with the desire to act in pro-social movements and it is a factor that encourages the insertion and permanence in political organizations. It is here pointed out that emotions are responsible for the identification that an individual has with their activities, standing out since the period of the process of its constitution until the consolidation of this identity. However, it is emphasized that power is also a relevant factor in this process. It is discussed that power, as something relational, is not necessarily linked to organizational structures, but it is present in all relationship levels of an organization, with different degrees of influence, acceptance, and questioning. Thus, it interferes in the formed identities, in the emotions felt, it uncovers questions about the relationships experienced and the power itself. It is concluded that the intertwining between emotions, identity, and power occurs in a non-linear way in the process of the search for change and transformations in the researched organizations, but also in the social context that surrounds them. Taking the above into consideration, this study contributes by discussing the intertwining of theories of identity and power with the concept of emotions and also sheds light to the discussions about the roles that society and organizations have in relation to the performance of women in predominantly male organizations, as it is the case of organizations that are components of the political system.
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