Velocidade praticada em curvas horizontais em meio urbano : uma análise baseada em dados naturalísticos
Resumo
Resumo: O desafio de conciliar os interesses de mobilidade urbana e segurança viária se faz cada vez mais presente, evidenciando a necessidade de proporcionar uma interação equilibrada e não conflituosa entre os diversos tipos de usuários da infraestrutura viária. A velocidade praticada por condutores de veículos se apresenta como um fator de risco tanto para a ocorrência quanto para a severidade dos sinistros de trânsito. O objetivo do presente estudo foi investigar a influência de fatores viários e ambientais na escolha da velocidade por parte de condutores de veículos de passeio em manobras de conversão em vias urbanas. Os Estudos Naturalísticos de Direção, tradução do termo inglês Naturalistic Driving Study (NDS), baseiam-se no monitoramento da tarefa real de condução considerando os ambientes interno e externo ao veículo em situações reais de trânsito, com ênfase no comportamento do condutor. Desde 2019 vem sendo executado o primeiro estudo naturalístico realizado no Brasil (NDS-BR), na cidade de Curitiba (PR), com o monitoramento até então de 32 condutores e uma distância percorrida de aproximadamente 9,4 mil km. Os veículos dos condutores foram instrumentalizados com câmeras internas e dispositivos GPS que registraram suas velocidades instantâneas ao longo dos trajetos. As vias consideradas para o presente trabalho foram interseções em nível do sistema viário municipal, tendo sido contabilizadas 1.201 manobras de conversão. Nas análises foi considerada a variação de velocidade (delta V), sendo essa a diferença entre a velocidade média em curva (Vc) e a velocidade média de entrada (Ve) na tangente anterior à curva. Para caracterizar a velocidade de entrada, foi considerada uma área de influência distante 50 metros do ponto de início da curva. As velocidades foram analisadas através de testes de hipóteses estatísticas entre as populações considerando o ângulo de deflexão, a direção da conversão, o raio na esquina, o controle de preferencial, a presença de deflexões verticais na pista, a declividade da via, a ocorrência de chuva, o período do dia e, por fim, a velocidade de entrada dos veículos. Os resultados indicaram valores mais altos de velocidade nas curvas para ângulos de deflexão mais baixos, como os de 30 e 60º. No recorte considerando apenas conversões de 90º, as velocidades mais altas foram encontradas em conversões à esquerda, em cruzamentos com maiores raios de esquina, com controle semafórico, sem chuva, durante a noite. Também foram identificados valores mais altos de velocidade na curva conforme aumentam as velocidades de entrada. Quando considerada a variação da velocidade, os valores mais elevados ocorreram para maiores ângulos de deflexão. Quando considerado o recorte de curvas de 90º, as situações que apresentaram maior variação foram as curvas à direita, em movimentos provenientes de vias secundárias, na presença de deflexões verticais na pista, em terreno plano e aclive e com maiores valores de velocidades de entrada. Os dados subsidiaram a sugestão de políticas de gestão de velocidade em meio urbano. Abstract: The challenge of conciliating urban mobility and road safety is increasingly present, highlighting the need to provide a balanced and non-conflicting interaction between the different users of urban road infrastructure. The speed practiced by vehicle drivers is a risk factor for both the occurrence and the severity of traffic accidents. The objective of the present study was to investigate the influence of road and environmental factors on speed choice by drivers of passenger vehicles in turning maneuvers on urban roads. The Naturalistic Driving Studies, (NDS), are based on monitoring the real driving tasks considering the vehicle's internal and external environments, with an emphasis on the driver's own behavior. Since 2019, the first Naturalistic Driving Study carried out in Brazil (NDS-BR) has been taking place in the city of Curitiba (PR), with the monitoring of 32 conductors so far, which corresponds to a covered distance of approximately 9,400 km. The drivers' vehicles were instrumented with internal cameras and GPS devices that recorded their instantaneous speeds along the paths. The roads considered for the present work were intersections of the municipal road system, with a total of 1,201 conversion maneuvers. In the analysis, the variation of speed (delta V) was considered, which is the difference between the average speed in curve (Vc) and the average entry speed (Ve) in the tangent just before the curve. To describe the entry speed, it was considered an area of influence 50 meters away from the starting point of the curve. The speeds were analyzed through statistical hypothesis tests considering the deflection angle, turn direction, corner radii, the traffic control, the presence of vertical deflections on the road, the slope of the road, the occurrence of rain, the period of day and, finally, the entry speed of vehicles. Statistical analysis provided information for situations with higher speed values in curves for lower deflection angles, such as 30 and 60 degrees. When considering only the 90º turning angles, the highest speeds were found at left turns, at intersections with larger radii, with traffic lights control, without rain, at night. Higher values of speed in the curve were also identified as the entry speeds increase. When considering the speed variation (reduction), the most significant values were obtained for deflection angles of greater values (90 and 120 degrees). When considering only 90º curves, the situations that presented the greatest variation were the curves to the right, in movements originated from secondary roads (without traffic lights), with speedbumps, on flat terrain and uphill and with higher values of entry speeds. The data based the suggestion of speed management policies in urban areas.
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